Comenda de Fellow é concedida a pesquisadores com projeção internacional que contribuíram, significativamente, para o progresso dos estudos sobre doenças de plantas e suas causas.

Fellow da Sociedade Americana de Fitopatologia (APS, na sigla em inglês), a maior e mais importante entidade científica à promoção do estudo das doenças de plantas, no dia 11 de agosto. Em seus 105 anos de existência, é a quarta vez que a APS homenageou um cientista brasileiro.


O prêmio é concedido aos fitopatologistas que apresentam contribuição relevante, tanto na pesquisa quanto em atividades acadêmico-administrativas, para o progresso na área. “Esse destaque, acima de tudo, revela a competência da UnB em oferecer condição de trabalho a seus docentes. Tanto que sou o segundo Fellow da universidade”, explica o professor Dianese.


José Carmine Dianese é, atualmente, um dos docentes da UnB mais homenageados no exterior. É também o único brasileiro diplomado membro honorário da Sociedade de Micologia da América e a receber o prêmio Emil M. Mrak International Award 2013, concedido pela Universidade Califórnia Davis (UC Davis). Com o novo título, a Pós-Graduação em Fitopatologia da Universidade de Brasília torna-se a única do país a ter dois de seus professores incluídos na seleta lista de Fellows da APS - além de Dianese, a honraria também foi concedida ao professor emérito Elliott Kitajima.


Uma das contribuições mais significativas de Dianese foi o estudo da biodiversidade de fungos associados a plantas do Cerrado brasileiro, onde descreveu mais de 120 novas espécies de fungos, incluindo dois novos gêneros de fungos causadores de ferrugem em plantas, além de 20 outros gêneros de fungos fitoparasitas.  “Como disse uma vez Darcy Ribeiro: temos que lidar com problemas nacionais baseados nos padrões de excelência internacionais, é uma política que tenho levado comigo durante esses anos”, explica o professor.


Com uma produção prolífica na área, Dianese é um defensor da publicação de trabalhos elaborados por professores e alunos em periódicos. "Teses e dissertações de gaveta pouco significam. Existem professores que produzem e não publicam, infelizmente, é algo bastante comum no meio acadêmico. É um sério prejuízo para o aluno, para o curso de pós-graduação e para o país que tudo financiou”, lamenta.


Além da dedicação à pesquisa e ao ensino, o professor também é conhecido pelos serviços à administração universitária. Foi diretor do Instituto de Ciências Biológicas de 1972 a 1978, quando foi o principal responsável pela implantação de dois grupos de pesquisa que cresceram e se transformaram nos atuais Departamentos de Fitopatologia e de Ecologia, ambos com cursos de Mestrado e Doutorado.


Dianese acrescenta que ele, a Fitopatologia da UnB e do Brasil devem muito aos docentes que fundaram a pós-graduação da universidade. "Essa equipe foi constituída pelos professores eméritos Armando Takatsu, Francisco Cupertino, Cláudio Lúcio Costa e E.W. Kitajima", cita. "Devo mencionar também meus ex-colegas da Universidade da Californa-Davis Ming Tien Lin, Hasan Alpine Bolkan e Chaw Shung Huang, que labutaram por 10 anos no quadro da UnB, além de Norman Schaad, que aqui veio para ministrar o primeiro curso de Bacteriologia Vegetal, em 1974” completa.