A dissertação de mestrado da fonoaudióloga Valéria Gomes da Silva (foto), mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da UnB, a ser defendida até fevereiro de 2012, sugere risco de perda da audição em uma parcela da população jovem do Distrito Federal.

O estudo comprovou que, em decorrência da exposição à música amplificada diariamente, 80% dos 134 estudantes de uma escola privada do DF apresentaram alterações em exames de emissões autoacústicas, que avaliam o funcionamento das células ciliadas externas, uma das responsáveis pela audição.


A pesquisa foi aplicada em 2011, em estudantes de classe média, entre 14 e 18 anos , de ambos os sexos. O resultado constatou uma maior alteração nos exames de emissão autoacústicas em alunos do sexo masculino.


Segundo Valéria, as células ciliadas externas têm um papel importante no processo de audição porque auxiliam na amplificação do som e, ao serem estimuladas, transmitem um impulso elétrico para o cérebro.  Este impulso é a informação de que a pessoa está ouvindo. Qualquer alteração neste processo de transmissão pode prejudicar a audição.


Embora seja um estudo a respeito de um comportamento sobre o qual já existem pesquisas, Valéria explica que dois aspectos técnicos diferenciam seu trabalho:


- A pesquisa foi desenvolvida usando um exame mais preciso de emissões autoacústicas e utilizou altas frequências, duas situações que não se verificam em estudos sobre este assunto. Quando avaliamos altas frequências podemos encontrar maiores alterações nas células ciliadas.


A aluna ressalta os riscos deste comportamento de parte da população jovem, particularmente a que foi objeto da pesquisa.


- A exposição frequente e intensa a ruídos causa lesões que podem ser irreversíveis, caso não haja período de repouso. As células passam a não se regenerar e a lesão vira permanente, podendo ocasionar perda auditiva.


PREVENÇÃO


André Sampaio é otorrinolaringologista do Setor de Implante Coclear do Hospital Universitário e orientador de Valéria. Ele chama a atenção para a importância do trabalho no âmbito da audição que o HUB desenvolve, particularmente, com a população infantil.


- Temos dois centros de alta complexidade no hospital, um de Saúde Auditiva e outro de Implante Coclear que realizam diagnóstico e intervenção precoces. Ambos são unidades de referência.


Sampaio destaca o atendimento feito com crianças, tanto as que nascem no HUB, quanto as encaminhadas via sistema de regulação da Secretaria de Saúde, ou mesmo de fora do Distrito Federal.


- Até 48 horas após o parto, as crianças recebem alta da maternidade e são encaminhados para fazerem o teste da orelhinha. Em nível internacional é preconizado que o atendimento seja feito até o terceiro mês de vida e que a reabilitação comece até o sexto mês.


Segundo a fonoaudióloga do HUB, Annelise de Melo Guerra, o objetivo do teste da orelhinha é detectar possíveis problemas auditivos em recém-nascidos. O Hospital Universitário de Brasília realiza o procedimento desde 2002.


O diagnóstico precoce da perda auditiva aumenta a possibilidade de sucesso no tratamento: “Quanto mais tempo sem ouvir pior será o resultado. Por isso a importância da prevenção,” afirma.


Os procedimentos para o teste da orelhinha são simples. É utilizado um fone na parte externa da orelha do bebê, e assim os registros são transmitidos para um computador, que verifica se a cóclea está funcionando normalmente. O procedimento ocorre durante o sono do recém-nascido e é indolor.


SERVIÇO

O exame é realizado no setor de Otorrinolaringologia, no Ambulatório II do Hospital Universitário de Brasília. Mais informações no telefone (61) 3448.5429.