Professores reunidos no IX Congresso de Brasileiro de Bioética recomendaram a prática para animais de estimação e usados em laboratórios científicos em casos de sofrimento e doença irreversíveis.

Especialistas reunidos no Simpósio do Conselho Federal de Medicina Veterinária defenderam a eutanásia de animais de estimação e usados em pesquisas, em casos de sofrimento impossível de controlar e doenças incuráveis. O procedimento deve ser usado para garantir uma morte sem dor e rápida.


Os professores Aury Moraes, Marcelo Teixeira e Elenice de Souza falaram sobre o papel do veterinário, que tem como responsabilidade decidir sobre o momento da morte de um animal em caso de sofrimento e doença incurável. Eles ressaltaram a importância de usar métodos adequados para induzir a morte nos animais e apenas quando não existe alternativa.


O Simpósio do Conselho Federal de Medicina Veterinária foi realizado como parte das atividades do IX Congresso Brasileiro de Bioética, presidente pelo professor da Universidade de Brasília, Volnei Garrafa e que teve início no último dia 7.


O professor Aury Moraes, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), destacou a necessidade de usar métodos adequados na hora de interromper a vida dos animais. Ele explicou que os cuidados começam na preparação da equipe. “É preciso uma preparação adequada do pessoal de laboratório”, explicou. “O método não deve ser aplicado de maneira fria”.


Marcelo Teixeira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), concordou e citou o caso das zoonoses espalhadas pelo país. “Por causa da falta de preparação para lidar com o sofrimento dos animais, é muito comum que os funcionários desenvolvam alcoolismo”, apontou.


TÉCNICAS -
Para Aury, as melhores técnicas para executar a eutanásia são as que usam substâncias químicas injetáveis, como os barbitúricos. “Eles atuam no organismo numa velocidade maior que as substâncias inaláveis, por exemplo”, disse. O especialista ressaltou, contudo, que o método deve ser escolhido de acordo com a espécie do animal e com a situação. ‘’No caso de um cavalo atropelado em uma pista movimentada, a melhor solução ainda é o uso de armas de fogo”, afirmou. “Numa situação dessas, o animal tem que ser removido rapidamente para evitar outros acidentes no local”.


No caso de animais de estimação também é importante a forma como o veterinário vai comunicar a decisão de fazer a eutanásia para o proprietário. “Para muitas pessoas, o animal de estimação é como um membro da família”, destacou Aury. “As universidades ainda não preparam o veterinário para lidar com esse momento”.


Elenice de Souza, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, explicou que o veterinário deve sempre comunicar o proprietário sobre sua opinião a respeito da realização da eutanásia e da técnica utilizada. “A palavra final é sempre do dono, tirando os casos em que ele incorra em algum tipo de crueldade”, afirmou.


Os especialistas defenderam também os cuidados que devem orientar os veterinários envolvidos em pesquisas de laboratórios. "O ideal é que se reduza ao máximo o número de animais utilizados em experimentos. Se isso não é possível é preciso se preocupar em garantir o bem-estar dos animais desde o inicio”, defendeu Anna Olsson, pesquisadora da Universidade do Porto convidada para o Simpósio.


Anna defendeu também a determinação do ponto a partir do qual a vida do animal deve ser interrompida para evitar mais sofrimentos. “Os pesquisadores devem fazer a eutanásia logo que o experimento terminar e antes do animal ficar muito doente”, comentou.