Software desenvolvido no Laboratório de Bioinformática é capaz de gerar imagens e gráficos de cromossomos.

Pesquisadores da UnB desenvolveram uma nova técnica de comparação de DNA. O software Syntainia, criado pelo Laboratório de Bioinformática, simplifica a leitura mais detalhada dos cromossomos. O programa faz uma espécie de “zoom” nos cromossomos e identifica e compara os genes de organismos diferentes, gerando imagens e gráficos. A ferramenta utilizada atualmente pelos cientistas descreve os cromossomos em textos. “Ninguém consegue ler todo o documento. É humanamente impossível”, explica Rodrigo Coimbra, autor do software e mestre em Ciência da Computação pela UnB.


“Rodrigo inovou por ajudar os pesquisadores com mais detalhes. As outras técnicas só conseguiam a leitura dos cromossomos. Ele permitiu essa comparação entre genes”, explica Maria Emília Walter, orientadora da pesquisa Ferramenta de Visualização Interativa de Comparação entre Múltiplos Genomas para Identificação de Sintenias. 


Rodrigo explica que essa comparação entre genes pode, por exemplo, definir porque uma espécie de fungo causa uma determinada doença e outra espécie não. Ele desenvolveu o Syntainia para auxiliar a namorada, que cursa doutorado em Biologia, e estuda a patogenicidade humana em um conjunto de dez espécies de fungos. “Ela comparou os fungos e identificou quais espécies possuem os genes semelhantes”, conta o pesquisador. “É possível descobrir quais fungos são mais virulentos ou menos infecciosos”, explifica o professor Marcelo Brígido, responsável pelo Laboratório de Bioinformática. 


O Syntainia não é restrito a comparação entre fungos. Permite a caracterização entre genes de qualquer espécie. O programa gera as informações em segundos e pode comparar inúmeros genomas, basta que o computador tenha memória suficiente. O Syntainia é um software livre e está disponível para download pelo endereço  http://syntainia.sf.net.


FACILIDADE –
 Tainá Raiol, pesquisadora associada ao departamento de Biologia Celular, conta que o software facilitou muito a vida dos biólogos, que antes dependiam somente da ferramenta que gerava arquivos de textos. “Nós não temos desenvoltura com informática e visualizar essa comparação entre os genes ficou realmente mais simples”, explica. Ela conta que ficou mais simples observar as relações evolutivas entre os organismos.


A orientadora de Rodrigo, professora Maria Emília, conta que desde a graduação o estudante é aplicado nos estudos. No mestrado, Rodrigo percorreu o caminho inverso. Primeiro concluiu o software para depois desenvolver a parte teórica do trabalho. “Quando vi ele já tinha desenvolvido a ferramenta. Foi muito rápido. Eu logo disse que isso poderia ser o mestrado”, conta. Agora, os dois estão escrevendo um artigo para submeter para publicação em periódicos internacionais.