Personagens como "X9", "rouba, mas faz" e "o pragmático" interagem em um ambiente de disputa eleitoral que reproduz as mazelas do sistema político brasileiro.

Fernando ReisJogo de Poder é o nome provisório do game card desenvolvido pelo estudante de Audiovisual da UnB Fernando Reis, como trabalho final da disciplina Políticas de Comunicação. O projeto foi orientado pelo professor da Faculdade de Comunicação Fernando Oliveira Paulino. 


Num ambiente de disputa de poder que reproduz as mazelas do cenário político brasileiro, cada jogador personifica candidatos de um partido com o objetivo de vencer as eleições. Ganha quem acumula mais poder. O jogo termina quando um dos participantes é eleito.


A ideia, segundo o estudante, é aliar entretenimento a um assunto sério: a necessidade de se aperfeiçoar o sistema político brasileiro. “O jogo contribui para estimular o senso crítico do cidadão que lida com tipos manjados de candidatos a cada eleição no país”, justifica Reis. “Há muita politicagem e falta de ética por parte dos políticos, impunidade por ineficiência do judiciário e comodismo dos cidadãos”, diz.


POLÍTICA E IMAGEM –
“Juntei os conceitos políticos a algo que gosto muito: a ilustração”, diz o estudante. “Cada carta traz imagens associadas a algum valor.” Ele explica que o jogo recria o panorama eleitoral no Brasil, marcado por tipos como o candidato “rouba, mas faz” e campanhas cheias de ataques pessoais, que tiram o foco dos argumentos. “Usei personagens da DC Comics para representar os candidatos”, conta. Ao longo do jogo, os adversários ganham ou perdem influência. “Uma carta que representa propriedade cruzada combinada com a de coronelismo eletrônico dobra o poder do candidato”, cita. “É um jogo de estratégia.”

Jogo de cartas
Reprodução

O JOGO – Cada jogador representa um partido e começa a disputa com 57 cartas divididas em três tipos: perfis de candidatos, estratégias de campanha e fontes de poder. O objetivo de cada um é conseguir a maior quantidade de votos e influência possíveis. As cartas ativam ou neutralizam ações que podem beneficiar ou prejudicar os candidatos. 


ELEIÇÕES NO BRASIL –
Reis traz dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para mostrar a importância do tema. “As campanhas de 2014 custaram R$ 73,9 bilhões, quase o dobro do valor gasto nas eleições de 2010”, diz no trabalho.


“É uma movimentação enorme de dinheiro na busca de votos e influência”, destaca. “No jogo, esse cenário é vivenciado de forma lúdica”, diz. “O propósito é despertar consciência crítica.”