Foi anunciada, na manhã desta sexta-feira (1), a criação da Associação Brasileira de Combate a Doenças Negligenciadas (ABCDN).

A entidade, ligada ao Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa em Doença de Chagas (LMPDC), da Faculdade de Medicina, desenvolverá estudos sobre tuberculose, dengue, hanseníase, filaríase, leishmaniose e doença de Chagas, com o objetivo de difundir informações sobre esses males junto à população. “Se vamos progredir nessa área, devemos ter um diálogo mais aberto com a sociedade”, diz Jeffrey Shaw, presidente da Sociedade Brasileira de Protozoologia (SBPZ).

Emília Silberstein/UnB Agência

Reflexo da falta de informação é o crescente número de casos de leishmaniose no país. O Ministério da Saúde estima que quase três mil pessoas são contaminadas anualmente pela doença, que é transmitida por mosquitos hematófagos (que se alimentam de sangue). A patologia, historicamente restrita às regiões mais carentes, hoje atinge todas esferas sociais, aumentando o número de doentes. Diante desse cenário, a ABCDN busca transformar o conhecimento científico em benefício social.  


“O interesse do nosso laboratório é investigar o que interessa pouca a gente, mas tem um significado muito grande para o bem-estar e a saúde”, conta Antônio Teixeira, professor emérito da Universidade de Brasília e diretor da ABCDN. A associação, criada sob a forma de Organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), irá reunir cientistas, além de gestores públicos e cidadãos.

Emília Silberstein/UnB Agência
Antonio Teixeira falou da importância de investigar as doenças negligenciadas

Em conjunto, esses profissionais desenvolverão meios de proteção à saúde pública, além de lançarem campanhas de prevenção e educação. “A pesquisa não pode ficar restrita aos laboratórios. Pretendemos aliviar o sofrimento humano e levar solidariedade e conforto aos desassistidos e estigmatizados por essas doenças”, diz Antônio Teixeira. 

Para o decano de Pesquisa e Pós-Graduação, Jaime Santana, a criação da entidade representa um importante marco para o desenvolvimento científico e social. “Esse pensamento, de voltar os olhos para os problemas brasileiros, precisa estar cada vez mais difundido entre todos: educadores, políticos e gestores públicos”, completa. 


Estiveram presentes na solenidade professores, alunos e servidores, além da representante da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras, Lúcia Brum, e do assessor de Enfermidades Infecciosas da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) no Brasil, Ruben Santiago Nicholls.