A iniciativa foi considerada altamente inovadora pela instituição Trust for Sustainable Living

Foto: Andreza Aragão/Agência Facto

 

Despertar consciência socioambiental nos alunos. Esse era o objetivo de Maria Rosane Barros, idealizadora do projeto Em defesa do córrego Guará, desenvolvido durante o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade de Brasília. O trabalho de educação ambiental realizado com 58 adolescentes entre 14 e 17 anos de idade no Centro de Ensino Médio Júlia Kubitschek, na Candangolândia, foi premiado no concurso Schools Sustainability Challenge, em Oxford (Inglaterra).

 

A recém-egressa da UnB Maria Rosane Marques Barros é professora da Secretaria de Educação e possui especialização em educação ambiental. Em seu projeto, a ideia era trazer o aluno para o centro da aprendizagem por meio de atividades que auxiliassem o desenvolvimento da percepção crítica dos estudantes, tornando-os indagadores e protagonistas das ações realizadas. Ao participar dos exercícios propostos, os adolescentes puderam transformar positivamente a própria conduta na sociedade e no meio ambiente.

 

O projeto, dessa forma, foi elaborado a partir de metodologia lúdica para desenvolver a autonomia dos participantes. “Acabei buscando uma metodologia que atendesse a essa perspectiva e, na ludicidade, encontrei a ferramenta para executar essa ideia”, acrescenta a professora sobre a atividade adotada: a gincana. Essa contou com sete desafios, divididos em duas etapas.

Maria Rosane Marques Barros durante a premiação, em Oxford (Inglaterra). Foto: arquivo pessoal

 

A primeira parte era direcionada à formação crítica dos alunos e à inserção dos estudantes no ambiente trabalhado, já que a maior parte deles não conhecia a realidade socioambiental da região. Com atividades em sala de aula, os adolescentes passaram a entender os motivos dos problemas do córrego, localizado entre a Candangolândia e o Zoológico de Brasília.

 

A segunda etapa caracterizou-se pela liberdade na tomada de decisões e autonomia dos procedimentos. A intenção era que o aluno, partindo de uma percepção crítica, começasse a pensar quais estratégias poderiam ser executadas para transformar aquele cenário. Posteriormente, eles idealizaram diversas atividades que envolveram a comunidade, outras escolas e o governo local. Por exemplo, os alunos realizaram, durante três dias, a limpeza das margens do córrego, de onde foram retiradas duas toneladas de lixo.

 

Sob orientação da professora, os participantes também construíram um viveiro com 1.200 mudas de árvores dentro da escola. Após seis meses de cultivo, 600 mudas foram plantadas nas margens d'água para reconstruir a mata ciliar da área.

 

Outra dinâmica adotada foi a produção de uma peça de teatro intitulada Pirá-Brasília, em homenagem à espécie de peixe em extinção que habita o córrego. A peça foi apresentada em diversas escolas da comunidade local, que também atuaram na concretização do projeto.

 

Engajados pela proposta, os alunos mobilizaram-se para levar a iniciativa até o governo local. Participaram do programa Câmara em movimento, da Câmara Legislativa do Distrito Federal, e membros da Comissão do Meio Ambiente foram até a escola para acompanhar a iniciativa. Ali, foi marcada uma audiência para tratar dos assuntos levantados pelos jovens que, então, sugeriram a criação de Comissão Especial do Meio Ambiente que envolvesse a Candangolândia para debater os problemas do córrego Guará e a adoção do peixe pirá-brasília como espécie símbolo da cidade. A partir da ideia, a Comissão de Defesa do Meio Ambiente (Condema) foi instituída.

 

Para a professora, o ponto principal do projeto foi a promoção de uma cultura de reconhecimento ambiental local. “A importância foi não só desenvolver essa cultura, mas perceber que esses alunos também acabaram sendo multiplicadores dessa visão para outros colegas. Eles assumiram essa causa como deles e, ao mesmo tempo, promoveram ações em outras comunidades”, conta Maria Rosane.

Troféu recebido durante premiação Schools Sustainability Challenge para ser entregue ao CEM Júlia Kubitschek. Foto: Andreza Aragão/Agência Facto

 

PRÊMIO – O concurso Schools Sustainability Challenge ocorre durante o evento International Schools Essay Competition and Debate, que neste ano foi realizado entre os dias 3 e 7 de julho. A iniciativa, da instituição Trust for Sustainable Living, faz parte de ações relacionadas à ecologia no Reino Unido que avaliam projetos de sustentabilidade e educação ambiental ao redor do mundo. As escolas participantes devem produzir um vídeo de três minutos apresentando as ideias colocadas em práticas.

 

>> Confira o vídeo premiado no Schools Essay Competition

 

“Percebi que a nossa escola pública é subjugada por ter dificuldades de recursos, mas existem muitos trabalhos que são realizados com muita qualidade pelos professores e alunos da rede”, destaca Rosane.

 

FUTURO – O projeto Em defesa do córrego Guará continua: a instituição Trust for Sustainable Living informou a Maria Rosane que o trabalho realizado no CEM Júlia Kubitschek será apresentado durante conferências da Organização das Nações Unidas (ONU). A professora e os alunos, porém, ainda esperam novidades sobre a data da transmissão na ONU. Além disso, Rosane já recebeu propostas para transformar o projeto e a peça Pirá-Brasília em um filme longa-metragem.

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