O projeto é resultado de uma parceria entre a UnB e a Polícia Federal desde 2010, e é assinado por pesquisadores do grupo de Automação, Quimiometria e Química Ambiental (AQQUA/UnB).
A pesquisa utiliza amostras de dejetos colhidas em estações de tratamento de esgoto do DF. O material coletado passa por avaliações, nas quais são identificadas substâncias secretadas pelo organismo de usuários de drogas, como a benzoilecgonina, produzida pelo metabolismo da cocaína e a anidroecgonina, produzida pela vaporização da droga durante o consumo de crack.
Uma técnica semelhante é utilizada para se estabelecer qual a origem da droga consumida por moradores de determinada região. Também a partir de dejetos os cientistas conseguem avaliar se existe, no material descartado nos esgotos, compostos utilizados como adulterantes de droga. “Dependendo da origem da droga, diferentes tipos de adulterantes são comumente utilizados”, conta Fernando Sodré, integrante do grupo de pesquisa AQQUA e professor do Instituto de Química.
O método de avaliação desenvolvido na UnB leva três dias para ser realizado. “Temos uma ferramenta em tempo real”, avalia Sodré. De acordo com o professor, a pesquisa da UnB pode acelerar processos de investigação da Polícia Federal, baseados em métodos que podem levar meses até serem finalizados. “Até ser liberado o resultado, toda a dinâmica do tráfico pode ter mudado”, constata o pesquisador.
A análise de dados é feita no laboratório do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal. O laboratório é um dos únicos no DF que possui o equipamento necessário para a pesquisa. O mestrando Gustavo Brandão é o responsável pelo estudo desde 2012. Ele tem aperfeiçoado a metodologia utilizada pelo cientista Rafael Feitosa, que aplicou a técnica pela primeira vez em 2010, junto ao grupo AQQUA, enquanto cursava o mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Química da UnB.