Público-alvo da chamada de Quimera II são os pequenos agricultores e seu cultivo utiliza as mesmas técnicas da mandioca tradicional

 

Nagib Nassar mostra um exemplar da mandioca Quimera II
Professor Nagib Nassar, ao lado de um exemplar da mandioca Quimera II. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Um trabalho desenvolvido na Estação Experimental de Biologia da Universidade de Brasília criou uma variedade de mandioca que dá entre 20 kg e 24 kg por planta, cerca de oito vezes mais do que as espécies comuns. Cultivada com os mesmos insumos das outras, as mudas da Quimera II devem ser distribuídas a pequenos agricultores. “Sempre trabalhei em prol do cultivo familiar e acredito que isso pode trazer muitos ganhos para quem vive desse plantio”, explica Nagib Nassar, professor emérito da UnB e pesquisador da mandioca há 48 anos.

 

No caso da variedade comumente encontrada, o espaço entre as mudas deve ser de um metro, para que não haja interferência entre elas. A Quimera II necessita do dobro de espaço e de tempo até atingir o ponto de colheita, mas pode revolucionar a área por apresentar melhor custo-benefício. “Imagina o quanto não ganharia uma família que vive dessa subsistência?”, questiona o professor.

 

Os nutrientes da Quimera II, resultado de enxertos entre diferentes tipos de mandioca, são semelhantes aos da planta comum. Cada exemplar atinge dois metros de altura, no entanto, as raízes ficam na horizontal e a cerca de 20 cm do solo, o que torna fácil a extração do tubérculo.

 

Desenvolvida por meio de enxertos entre plantas silvestres e outras variedades de mandioca já modificadas, a Quimera II não necessita de irrigação e cresce com a água das chuvas. A planta passou por testes em Pernambuco e Santa Catarina para verificar a resistência e a compatibilidade com ambientes diversos.

 

Segundo o professor, a Quimera II deu tão certo que ele acabou distribuindo algumas mudas para agricultores de Planaltina e também recebeu demanda de transferência de técnica por parte de uma pesquisadora de Gana, na África. “Essa mandioca – que leva o nome da UnB, antes de levar o meu – pode trazer grandes impactos para as sociedades em que a planta seja base da alimentação”, finaliza Nagib.

 

BOLSAS – A Fundação Nagib Nassar está com edital aberto para a distribuição de bolsas de mestrado e doutorado a pesquisadores interessados em desenvolver estudos sobre mandioca. Neste ano, as bolsas se destinam a pesquisadores brasileiros e àqueles oriundos de universidades da África Subsaariana, onde essa cultura é a principal fonte de alimento. Esses devem necessariamente realizar a pesquisa na Estação Experimental da Universidade de Brasília, sobre a quimera periclinal, para depois aplicar em seu país de origem os resultados e a técnica inovadora desenvolvida na UnB.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.