Reconhecimento veio devido à capacidade de o projeto manter diálogo e sensibilizar gestores do país inteiro num curto espaço de tempo

Headway/Unsplash

 

“Educação aberta (EA) é pensar em todos os artefatos e recursos que temos disponível para atender o máximo de pessoas possível com equidade, qualidade e inclusão”, resume Tel Amiel, coordenador da Cátedra Unesco em Educação à Distância (EaD) da UnB desde 2018.

 

Resultado de parceria entre a Cátedra Unesco na UnB e o Instituto Educadigital, a iniciativa Educação Aberta da UnB recebeu o prêmio Política Aberta: Iniciativa de Educação Aberta do Open Education Awards for Excellence de 2019, organizado pelo Open Education Consortium, organização internacionalmente reconhecida na área de educação aberta.

 

A premiação abriu novas oportunidades para o grupo que integra o projeto, composto por mais de dez profissionais de diversas áreas do conhecimento. “Há uma curiosidade maior sobre o que vem sendo feito no Brasil e a importância de sermos pioneiros e trabalhar esse tema de forma qualificada, o que impulsiona nosso desenvolvimento”, afirma o professor Amiel, docente da Faculdade de Educação (FE) da UnB, envolvido com educação aberta desde 2008, quando coordenou a Cátedra de Educação à Distância da Universidade de Campinas (Unicamp), entre 2014 e 2018.

 

Posterior à premiação, a Unesco divulgou uma recomendação para Recursos Educacionais Abertos (REA), em que estabelece aos países membros, como o Brasil, medidas para o setor. A Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (E-Digital), o Plano Nacional de Educação, o Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES nº 1, de 11/03/2016) e a nova Plataforma do Ministério da Educação (MEC-RED) são alguns exemplos sobre ações e políticas desenvolvidas no Brasil com foco em Educação Aberta, baseadas na Declaração REA de Paris, de 2012.

 

NA PRÁTICA – A educação aberta resgata conceitos e princípios da educação, particularmente a educação democrática e progressiva, trabalhados nos últimos cem anos e os atualiza, conforme mudanças tecnológicas vão surgindo. O intuito é democratizar o acesso às informações, impulsionar a participação popular, contribuir para a atuação eficaz de educadores e ampliar redes colaborativas.

O docente da Faculdade de Educação (FE) Tel Amiel é coordenador da Cátedra Unesco em Educação à Distância da UnB. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Seja por meio de cursos, produção de cartilhas, guias e jogos, a Cátedra promove políticas para incentivar o uso de recursos educacionais abertos em instituições públicas. O foco são conteúdos de qualidade, que possam ser adaptados aos diferentes públicos e acessíveis em diferentes dispositivos, pilares da EA, além de articular a implementação de políticas institucionais e projetos de leis. Em 2020, um Guia de Bolso da Educação Aberta foi lançado pelo grupo, em parceria com o CEAD/UnB.

 

Trabalhada por professores, pesquisadores, ativistas, estudantes de graduação e pós-graduação, dentro e fora do Brasil, o número de integrantes de cada projeto específico é adaptado conforme surgem novas demandas.

 

Um dos desafios do projeto é ampliar a rede para além da Cátedra, por meio da integração de faculdades, departamentos e corpo técnico da Universidade.

 

Entre os projetos internacionais em andamento, estão parcerias com Alemanha, Argentina, Uruguai, Colômbia e África do Sul, onde está sendo feito um mapeamento de recursos educacionais abertos (REA). “Fazemos parte de uma coalizão internacional da Unesco para promover REA; de um programa de mentoria sobre REA com uma Cátedra da Eslovênia, entre outros projetos. Realizamos encontros e eventos e trabalhamos na promoção de política pública sobre o tema, com um bom nível de sucesso”, detalha Amiel.

 

INTEGRAÇÃO – Pioneira, a Cátedra da UnB em EaD foi fundada em 1994 e é uma das mais tradicionais do país. As cátedras não são instituições em si, elas formalizam o compromisso de cooperação das universidades para as políticas de educação recomendadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

 

Apesar de não atuar com fomento, as cátedras são importante para uma integração internacional entre as iniciativas, de modo a facilitar o intercâmbio de conhecimento. “A cátedra impulsiona o debate que ocorre aqui na UnB e no Brasil. Assim, estamos inseridos numa discussão global que beneficia muito nosso país, nos coloca em um espaço de relevância e garante protagonismo nas ações promovidas pelo grupo”, explica Amiel.

 

Por sua vez, a Iniciativa de Educação Aberta, torna concreta as diversas etapas desta troca de conhecimento, ao democratizar as oportunidades para o aprendizado de um grande número de pessoas.

 

ACESSO LIVRE E SEGURO – Um dos interesses da EA é debater políticas abertas, softwares e hardwares livres e dados abertos e, deste modo, refletir sobre direitos autorais, pirataria, privacidade e proteção de dados. Contudo, o interesse maior para a cátedra é estimular o diálogo com instituições e gestores sobre a distribuição do conhecimento de forma pública e gratuita, com regimes de colaboração e flexibilidade de direitos autorais.

 

No segundo semestre de 2020, a equipe promoverá uma formação para docentes chamada Líder Educação Aberta, que envolverá temas, como educação aberta, direitos digitais, proteção de dados e privacidade e, na esfera governamental, pretende ampliar o alcance de materiais didático produzidos com verbas públicas e incentivar a licença livre de artigos científicos, conferências, materiais didáticos, entre outros. “Estamos interessados em mostrar o que é a educação aberta, quais são seus potenciais e pensar diversas formas de ensinar e aprender. Desta forma, propomos uma reflexão sobre os usos adequados de redes, dispositivos e dados coletados”, detalha o docente.

 

*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB

 

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