Estudo desenvolvido na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) emprega técnica centenária no aproveitamento sustentável do resíduo

Da UnB Agência


Pesquisadores da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da UnB têm buscado soluções para o uso sustentável do resíduo de tratamento de esgoto da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). Um estudo desenvolvido pelo grupo envolve a transformação de lodo de esgoto em biofertilizante. Atualmente, a substância já tem sido empregada na produção de asfalto e de óleo.

"O lodo é rico em matéria orgânica e possui benefícios para o solo, como a capacidade de substituir fertilizantes convencionais”, explica o docente da FAV e coordenador do projeto, Cícero Figueiredo.

A equipe tem realizado testes desde 2012 e passou a desenvolver biocarvão do lodo de esgoto por meio da pirólise, técnica que implica na combustão do material, rico em carbono e nutrientes, sem interação com gás oxigênio e perda de carbono durante a queima.

O processo resulta na preservação da matéria orgânica do lodo e evita a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, elimina substâncias tóxicas do composto, já que, embora passe por tratamento nas estações de esgoto, o lodo possui alto nível de poluentes orgânicos e inorgânicos.

A técnica de combustão é utilizada a centenas de anos e foi adotada para o desenvolvimento do biocarvão sob inspiração das terras pretas de índio (TPI), solo escuro, altamente fértil, encontrado na bacia Amazônica e que tem origem milenar, relacionada, sobretudo, ao acúmulo de resíduos e uso do fogo.

O biocarvão produzido pelos pesquisadores também é enriquecido com potássio, elemento que não está presente na biomassa do lodo e que oferece nutrientes fundamentais para as plantas. Segundo a engenheira agrônoma Jóisman Fachini, que desenvolveu pesquisa sobre o assunto no doutorado em Agronomia da UnB, este biofertilizante é uma alternativa aos produtos caros importados pelo Brasil.

"O Brasil não produz a quantidade [de fertilizantes] que os produtores brasileiros necessitam e a gente tem que importar de outros países. Então, a gente fica dependente dos altos valores do dólar", aponta.

Ela ressalta, ainda, a eficiência do produto, já que se trata de uma substância de liberação lenta, ou seja, com efeito prolongado e que disponibiliza os nutrientes conforme a necessidade da planta.

Para entender mais sobre a pesquisa, confira matéria da UnBTV:

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB com informações da UnBTV.

 

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