Pesquisa foi apresentada pelo médico Renato Roriz da Silva para conclusão do mestrado em Ciências Médicas. Renato é professor da Universidade Federal de Rondônia e cirurgião geral em Porto Velho.

Estudo do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UnB apresenta nova metodologia de tratamento para a hidatidose policística. A doença é rara e pode ser confundida com câncer. O pesquisador Renato Roriz da Silva desenvolveu a pesquisa com pacientes do Hospital de Base de Porto Velho, onde atua como cirurgião geral. A hidatidose é mais comum na região amazônica e pode levar à morte.


A hidatidose policística é causada por um verme, Echinococcus vogeli, cujo hospedeiro é a paca e cachorro do mato. Esses animais silvestres acomodam o verme sem apresentar complicações graves. No entanto, quando as vísceras desses animais são consumidas pelo cachorro doméstico, pode se iniciar um ciclo problemático ao ser humano. Caso as fezes do cachorro doméstico entrem em contato com a água ou o solo, podem infectar alimentos humanos. O indivíduo que ingerir os alimentos infectados, desenvolverá hidatidose policística.

Ilustração de Reinaldo Dimon/UnB Agência

O portador de hidatidose policística apresenta sintomas compatíveis com os de pacientes com câncer: aumento e dor abdominal, perda de peso, náuseas, vômito e nódulos palpáveis. Ao identificar os sintomas, é comum que os médicos que desconhecem a hidaditose a diagnostiquem como câncer, e isso pode comprometer a cura da doença. 


NOVO TRATAMENTO - 
A pesquisa de Renato Roriz da Silva traz novidades para o tratamento médico dessa doença. “A pesquisa alerta a comunidade médica para o fato de que a doença pode ser confundida com um câncer. E mostra uma nova metodologia de tratamento”, contou o professor Jaime Martins de Santana, orientador de Renato e decano de Pesquisa e Pós-Graduação.


Esse novo método desenvolvido por Renato consiste em um tratamento longo, com medicamentos antiparasitários, operação com retirada dos cistos e, se necessária, remoção do tecido comprometido, seguida de nova administração de medicamentos antiparasitários. “É necessário remover os cistos por cirurgia, pois os medicamentos nem sempre conseguem fazer com que eles regridam. A cirurgia deve ser feita por médico especialista no órgão afetado, pois, se forem rompidos, os cistos infectarão todo o órgão”, explicou o médico.


O medicamento usado em casos de hidatidose é o mesmo utilizado em casos de outros parasitas: o albendazol. A diferença se estabelece no tempo de tratamento. Os vermes comuns são combatidos com doses únicas ou administradas durante uma semana. Os casos de hidatidose são tratados por um período de três a seis meses. “Esse é o mais agressivo de todos os vermes desta espécie, pois tem a característica de crescer em cistos disseminando em várias partes do corpo”, afimou Renato. De acordo com o pesquisador, essa forma de crescimento aumenta a possibilidade de rompimento dos cistos e de proliferação.


A hidatidose é uma doença rara e seus casos são mais comuns na região amazônica. No entanto, o transporte de alimentos contaminados pode levar o parasita causador dessa doença para outras regiões do país.Outro ponto importante é que pacientes com hidatidose policística podem migrar para regiões do Brasil em busa de tratamento. O desconhecimento sobre a doença pela classe médica pode levar a consequências graves.