Projeto tem como base substâncias extraídas da casca do fruto para tratamento profilático e terapêutico

Ana Elisa Sidrim/Embrapa

 

A Universidade de Brasília vem apoiando diversos projetos em muitas frentes para combater a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Uma das iniciativas é o Desenvolvimento de estratégias terapêuticas e profiláticas sustentáveis e de baixo custo planejadas a partir do LCC para combate à covid-19, realizada pelo Laboratório de Desenvolvimento de Inovações Terapêuticas (LDT), do Núcleo de Medicina Tropical (NMT).

 

O projeto, aprovado no edital COPEI-DPI/DEX Nº 01/2020, busca desenvolver novas estratégias profiláticas e terapêuticas para eliminação do vírus SARS-Cov-2 a partir da biodiversidade brasileira, em especial utilizando o líquido da casca da castanha-de-caju (LCC). Os derivados fenólicos do LCC apresentaram atividade antiviral frente aos vírus da chikungunya, dengue tipo 2 e hepatite C.

 

Coordenada pelo professor Luiz Romeiro, do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências da Saúde e do Núcleo de Medicina Tropical (NMT) da Faculdade de Medicina, a iniciativa utilizará, além dos derivados do LCC, cem substâncias da quimioteca do LDT. O objetivo é identificar os melhores compostos que possam atuar como agentes profiláticos e terapêuticos sustentáveis e de baixo custo para eliminar o vírus Sars-CoV-2.

Professor Luiz Romeiro, do Núcleo de Medicina Tropical (NMT), coordena projeto aprovado no edital COPEI-DPI/DEX Nº 01/2020. Foto: Arquivo pessoal

 

Além de Luiz Romeiro, a equipe conta ainda com a professora Djane Duarte, do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências da Saúde (FAR/FS); a estudante de doutorado Andressa Oliveira e a de mestrado Natália Monteiro, ambas do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PGCF/FS), e os professores Lúcio Freitas-Júnior e Carolina Borsoi Moraes, ambos do Laboratório Phenotypic Screening Platform, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

 

DUPLA AÇÃO – O projeto trabalha em duas frentes: profilática (curto prazo) e terapêutica (longo prazo). “A ação profilática está relacionada à obtenção de produtos para desinfecção de superfícies, bem como para o aumento da segurança e eficácia de equipamentos de proteção individual (EPIs). A terapêutica visa o tratamento de infecções pelo Sars-CoV-2 em humanos e animais”, explica o docente Luiz Romeiro.

 

Segundo o professor, a razão de utilizar o LCC se deve a resultados prévios bem sucedidos de ação da substância em diferentes tipos de vírus. “Testes da atividade do LCC frente aos vírus da chikungunya, dengue e hepatite C reforçam nossa hipótese de ação antiviral frente ao vírus Sars-Cov-2”, explica. “Observamos que derivados do LCC são capazes de interagir tanto com a bicamada lipídica do vírus Sars-Cov-2, quanto com o oxidar de aminoácidos relevantes das glicoproteínas podendo, assim, destruir o vírus”, completa o pesquisador. 

 

Até o momento, 50 derivados do LCC – alguns novos e outros já presentes no Laboratório de Desenvolvimento de Inovações Terapêuticas (LDT) –, foram enviados ao Laboratório Phenotypic Screening Platform, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, para determinar sua atividade antiviral e sua citotoxicidade, ou seja, se possuem propriedades nocivas ou não às células. Lá, os procedimentos estão sob os cuidados dos professores Lúcio Freitas-Júnior e Carolina Moraes.

Pesquisa conta com a participação de pesquisadores da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB e de professores da Universidade de São Paulo (USP). Imagem: Divulgação

 

O professor Luiz Romeiro aponta ainda benefícios sociais do projeto, incluindo impactos internacionais: “Adicionalmente, a utilização do resíduo gerado pela indústria de beneficiamento da castanha-de-caju tem impacto tanto no meio ambiente quanto na valorização da cajucultura. Vale destacar que países africanos e asiáticos têm grande produção do LCC, o desenvolvimento destas tecnologias poderá beneficiar a população destes países”.

 

BENEFíCIOS – Há fortes indícios portanto de que o LCC poderá ser fonte preciosa para estratégias terapêuticas de baixo custo contra a covid-19. Circula nas redes sociais a ideia de que ingerir castanhas-de-caju in natura ajuda a prevenir a covid-19. Porém, o professor Luiz Romeiro alerta: “De maneira geral, incluir castanhas-de-caju na dieta é saudável, porém não há correlação específica na prevenção da covid-19”.

 

Os benefícios nutricionais referentes ao consumo de castanhas já estão bem documentados na literatura da área. “A castanha-de-caju está incluída no rol de alimentos que ajudam na promoção de saúde, pois é rica em antioxidantes; vitaminas, e minerais, como manganês, potássio, cobre, ferro, magnésio, zinco e selênio. Mas vale destacar o surgimento de alergias em pessoas que apresentam hipersensibilidade à castanha-de-caju”, explica o pesquisador.

 

FUNDO – O estudo coordenado pelo professor Luiz Romeiro faz parte do portfólio de projetos e pesquisas aprovados pelo Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 (Copei) junto com os decanatos de Pesquisa e Inovação (DPI) e de Extensão (DEX).

 

O Comitê criou, em parceria com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), um fundo de arrecadação de doações para financiar iniciativas da UnB voltadas ao enfrentamento à covid-19. É possível contribuir ao acessar o link: https://www.finatec.org.br/doacaoprojetos/form.

 

Os recursos podem ser destinados a projetos específicos do portfólio da Universidade ou ao fundo geral de doações. O comitê gestor do fundo irá direcionar as contribuições aos projetos, seguindo os critérios de classificação nas chamadas prospectivas, com a máxima transparência. As doações podem ser feitas por meio de boleto, depósito bancário, cartão de crédito ou PayPal. Para colaborar com serviços, materiais ou equipamentos, é preciso, primeiro, articular a ação junto ao Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI), pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

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