Estudo de Economia mostra como a chegada da Universidade ao Gama trouxe benefícios como a diminuição da criminalidade e o desenvolvimento socioeconômico 

Foto: Secom/UnB

 

Em 2006, com incentivos do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a Universidade de Brasília iniciou um processo de ampliação, criando novos campi a fim de disseminar o conhecimento para outras localidades do Distrito Federal. O assunto complexo e desafiador motivou a então graduanda Katlen Dayane Alves Soares, hoje mestre em Economia pela Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas (Face), a estudá-lo na dissertação de mestrado.

 

“Quando entrei no mestrado, fiquei intrigada quando um dos professores comentou como a universidade altera a área ao seu redor”, comenta ela, sobre como surgiu a inspiração para a pesquisa.

 

O processo escolhido pela UnB foi o da expansão horizontal, que significa a difusão de um corpo diretor para outras regiões, em vez da expansão vertical, que seria a centralização desse corpo diretor e sua presença em um único local. Esses termos estão presentes em relatórios geográficos e econômicos e a diferenciação entre eles está detalhada no trabalho de Katlen.

 

As faculdades UnB Ceilândia (FCE), Planaltina (FUP) e Gama (FGA) tiveram seus espaços definidos com base em estudos prévios de pesquisadores em relação à possibilidade de maximização de regiões que estivessem em torno de cada campus. Essas áreas são conhecidas como Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (Ride) do Distrito Federal, análogas às chamadas regiões metropolitanas.  

 

O projeto acadêmico das novas unidades foi elaborado durante a primeira fase do Reuni e, em planilhas, foram estabelecidas as necessidades de contratação de docentes, de investimentos e outras demandas. 

 

Em sua pesquisa, Katlen decidiu focar especificamente na FGA. É lá que se concentram cursos de Engenharia: Aeroespacial, Automotiva, Eletrônica, de Energia e de Software.

O estacionamento no campus era um ponto criticado: obra irá finalmente sair do papel. Foto: Guilherme Alves/Agência Facto

 

DIFICULDADES INICIAIS – Quando a FGA entrou em funcionamento, em 2008, havia poucas informações disponíveis ao público. As aulas começaram no antigo Fórum da cidade e eram ministradas para apenas 240 alunos. A Faculdade UnB Gama só ganhou sede definitiva em 2011, localizada na rodovia DF-480. 

 

Nos primeiros anos, poucos vestibulandos procuravam a instituição. “As pessoas não conheciam direito, achavam que a qualidade do ensino não seria mantida nos outros campi. Porém, hoje em dia, o quadro já é diferente”, afirma a mestre em Economia Katlen Soares, que trabalha como assistente administrativa na Biblioteca Central da Universidade. 

 

De lá para cá, a FGA foi reconhecida em rankings de excelência educacionais, instituiu programas de mestrado. Em breve, terá também doutorado. Porém, apesar de a parte acadêmica estar cada vez mais estabelecida, após dez anos de inauguração, a infraestrutura ainda não está completa e a estrutura física do campus passa por alguns problemas. 

 

Instalações e reparos finais são pontos do projeto que ainda serão aprimorados. Já a conclusão do estacionamento, que era uma das principais demandas da comunidade universitária, vai finalmente se tornar uma realidade. Uma ordem de serviço para iniciar a obra foi assinada nesta segunda-feira (18) na sede do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF), com prazo de execução de seis meses. Outro desejo da comunidade universitária já realizado foi a instalação de um cercamento ao redor do campus em 2016, com o objetivo de aumentar a segurança de estudantes, professores e funcionários. 

 

Atualmente, a estrutura principal abrange quatro prédios: a Unidade Acadêmica, onde há salas de aula, auditório, espaços de convivência e biblioteca; a Unidade de Ensino e Docência, composta pelas salas dos professores, coordenadores e direção do campus, o Módulo de Serviços e Equipamentos Esportivos, com quadra poliesportiva de uso comum e restaurante, e o recém-inaugurado Laboratório de Desenvolvimento de Transportes e Energias Alternativas (LDTEA), com espaços flexíveis e adaptáveis a diversos propósitos, como pesquisa, estudos e práticas acadêmicas. 

 

“Se o campus Darcy Ribeiro, inaugurado na década de 1960, é maior que os demais, o campus do Gama, por ser mais concentrado, proporciona maior interação entre estudantes, professores e alunos”, observa Katlen.  

Katlen Soares destaca a importância da FGA para a comunidade. Foto: Guilherme Alves/Agência Facto

 

A pesquisadora conta que, no estudo sobre a construção do campus do Gama, descobriu fatos pouco conhecidos da comunidade acadêmica. Por exemplo, observou o protagonismo da Faculdade de Tecnologia (FT) no projeto. 

 

“A ideia da construção da FGA surgiu na FT, que queria se expandir para abranger outras áreas da Engenharia, mas não havia espaço na Asa Norte. Um grupo de professores participou ativamente da idealização do campus do Gama”, revela. Assim, a Faculdade de Tecnologia foi escolhida como unidade de comparação na dissertação por ser considerada célula-mãe da criação da FGA, em virtude da proximidade dos cursos lecionados e dos objetivos em comum das duas faculdades. 

 

Por isso, como forma de ilustrar essa correlação na pesquisa, ela estabeleceu uma comparação entre a FT e a FGA, com base em dados referentes à quantidade de professores, funcionários, alunos, formandos, recursos financeiros, atividades de extensão e origem dos discentes. 

 

“Os dados recolhidos demonstram que a Universidade de Brasília promoveu, durante os anos de análise, uma estratégia de crescimento horizontal. Entretanto, a análise dos dados revelou também o adensamento do campus sede da UnB, o que é compatível com uma estratégia de crescimento vertical. Verifica-se então que, nos anos avaliados, a UnB adotou uma estratégia de crescimento mista utilizando preceitos da expansão horizontal e vertical das corporações, mas dando o seu toque especial ao processo”, explica Katlen na dissertação.

 

Ela avalia a expansão horizontal da Universidade como positiva. “A principal intenção foi a de criar um tecnopolo nas regiões de expansão. A maioria dos estudantes do Gama vive em locais próximos. Com isso, registraram-se benefícios para o comércio da região, diminuição da criminalidade, além de desenvolvimento socioeconômico”, relata.

 

Além disso, próximo ao campus está o Porto Seco, um conglomerado de indústrias presente na cidade de Santa Maria, onde os estudantes têm oportunidade de inserção no mercado de trabalho e boas possibilidades de estágio. 

 

Segundo a pesquisadora, a Faculdade do Gama traz ganhos importantes para o bairro e para outras áreas do entorno de Brasília, relevantes para a organização financeira da comunidade. “Eu vejo como muito favorável o fato de ter estudantes da Universidade de Brasília morando na mesma região. A interação com a cidade é maior. A vontade e o esforço deles são grandes. São muito esforçados”, defende Katlen.

 

CONHEÇA O CAMPUS – A Faculdade do Gama possui as seguintes instalações: 

 

1) Área principal: composta pela Unidade Acadêmica, Unidade de Ensino e Docência e o Módulo de Serviços e Equipamentos Esportivos.

2) Fórum: local onde se encontram os principais laboratórios de Engenharia de Software. As aulas de mestrado e especialização também ocorrem lá.

3) Galpão: depósito de ferramentas, insumos de construção, peças e outros objetos. É onde também estão localizados os principais laboratórios de Engenharia Automotiva.

4) Laboratório de Desenvolvimento de Transportes e Energias Alternativas (LDTEA): o prédio de três andares e quase 3 mil metros quadros foi inaugurado no dia 19 de setembro. As instalações modernas e os espaços amplos atendem professores, estudantes e pesquisadores das áreas automotiva, aeroespacial, de energia, eletrônicas e de software.

Arte: Marcelo Jatobá/Secom UnB

 

*com colaboração de Ana Laura Pinheiro e Juliana Eichler.

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.

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