Em entrevista ao UnBCiência, o ganhador do Nobel de Química em 2010 aconselhou pesquisadores e explorarem as grandes possibilidades de pesquisa na área.

O ganhador do Nobel de Química em 2010, Akira Suzuki, chegou ao Instituto de Química da Universidade de Brasília às 14h40 desta quarta-feira, 31 de agosto, para uma missão que julga das mais importantes: inspirar jovens cientistas a dedicarem suas vidas à ciência. Com passos lentos, semblante calmo e sorriso permanente, entrou no auditório da unidade acadêmica, onde pelo menos 200 pessoas o aguardavam.


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Em entrevista à UnBAgência, destacou a importância de se trabalhar duro para chegar aos resultados que alcançou. Akira Suzuki conseguiu executar uma reação que garantiu a fabricação de medicamentos contra o câncer e a hipertensão. A descoberta do pesquisador japonês é também o ponto de partida para a criação de telas de cristal liquido e lâmpadas de LED orgânico, as OLEDS (Organic Light-Emitting Diode, em inglês, que significa diodo orgânico emissor de luz). Na entrevista, Akira Suziki revelou quanto tempo levou para chegar ao resultado de seu estudo e recomendou aos jovens pesquisadores que façam descobertas úteis à vida humana.


UnB Agência
: Quanto tempo o senhor levou para chegar à Reação de Suzuki?

Suzuki: A minha contribuição em Química Orgânica não é só nessa área. De 1965 a 1976 estudamos diferentes tipos de sínteses orgânicas. Se considerarmos o ponto de partida, em 1965, até 1979, dá quase 15 anos.


UnB Agência
: Como chegou a essa descoberta? 

Suzuki: O ponto mais importante para o sucesso da reação é usar a base certa. Essa é a descoberta mais importante. Sem a base, não haveria reação. Muitas pessoas tentaram essa reação nas mesmas condições, sem nenhuma base e nenhuma reação ocorreu. Eu considero a base um fator importante para a precisão da reação.


UnB Agência
: Quais as aplicações mais importantes decorrentes da Reação de Suzuki?

Suzuki: Para produzir remédios, agroquímicos.  Algumas indústrias usam a reação para a produção de cristal líquido e para produção de lâmpadas de LED orgânico.


UnB Agência
: Quais os maiores desafios para os químicos de hoje em dia?

Suzuki: Temos muitas coisas para os químicos fazerem. Tem gente que diz que não tem ideia de como descobrir novas coisas em sínteses orgânicas. Mas isso não é verdade. Uma planta, por exemplo, produz glicose e carboidratos a partir de gás carbônico em condições ambientes, sem nenhuma pressão. Os cientistas não conseguem produzir glicose, nem carboidratos nas mesmas condições. Eu recomendo às pessoas jovens na área de Química que eles descubram coisas importantes e úteis para a vida do ser humano.


UnB Agência
: Como o senhor vê o futuro da Química?

Suzuki: Ainda temos muito a aprender. Temos que conquistar uma terra como Colombo fez com a América. Espero que descubram o novo continente americano na Química.