José Nivaldino Rodrigues, aluno do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGSOL), realizou análise inédita do programa cicloviário lançado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em 2005.

Ciclovias do DF
Pesquisa da Sociologia analisa ações do GDF voltadas para melhoria das condições de transporte e mobilidade de ciclistas. Foto: Mariana Costa/UnB Agência

Na tese de doutorado Mobilidade Urbana por Bicicleta: uma análise do programa cicloviário, ele demonstra que a construção de ciclovias e outras ações voltadas ao desenvolvimento do sistema cicloviário no DF contribuem para o exercício da cidadania e para a inclusão social de ciclistas, já que possibilitam maior acesso à circulação e segurança no trânsito.


O pesquisador evidenciou a convergência de três fatores cruciais para o desenvolvimento do programa no DF. Um deles é o cicloativismo, ou seja, a militância por demandas sociais ligadas à melhoria da realidade dos ciclistas. Alguns grupos se destacam nessa busca, como o Rodas da Paz e o Rebas do Cerrado. Outra condição para o avanço do programa, a partir de 2009, foi a crise política decorrente da operação Caixa de Pandora. Segundo o autor, gestores públicos interessados na questão dos ciclistas souberam aproveitar o acontecimento e destinar os recursos que não poderiam ser investidos em outras ações, para ampliação do sistema cicloviário.


O terceiro fator relevante, de acordo com o pesquisador, foi a atuação de empreendedores de políticas públicas: servidores de órgãos do governo que, em contato com demandas dos cicloativistas, empenharam-se na melhoria do sistema cicloviário do DF por meio da elaboração de políticas específicas. Além da construção de ciclovias, a regulamentação do transporte de bicicletas em metrôs é exemplo de conquista proveniente da iniciativa. Órgãos como o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF) e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) possuem gestores atuantes na questão cicloviária.


Para produzir a tese, José Nivaldino Rodrigues realizou entrevistas com cicloativistas, empreendedores de políticas públicas e ciclistas cotidianos, que utilizam bicicletas como meio de transporte para realizar atividades rotineiras. Segundo o pesquisador, as 72 entrevistas com o último grupo possibilitaram a enumeração das necessidades dos ciclistas. “Uma leitura apurada da tese oferece subsídios para futuras ações do governo. Além disso, as autoridades podem verificar os resultados das ações que já foram implementadas”, afirma o autor.


Orientador de José Nivaldino Rodrigues e professor do PPGSOL, Arthur Trindade Maranhão Costa acredita que o trabalho é importante por expor o "tema atual e relevante" que é a mobilidade urbana por meio da bicicleta. Segundo o docente, o assunto, muitas vezes, sofre com a invisibilidade. Além disso, afirma que a pesquisa teve sucesso ao levantar o histórico do programa cicloviário do DF, abordar o cicloativismo e retratar a percepção de usuários de bicicletas no Distrito Federal.