Moléstia é uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil. Expectativa é validar a eficácia da ferramenta para incorporá-la ao SUS

Marina Nery/Secom UnB

 

Pesquisadores da UnB são responsáveis por desenvolver um aplicativo para autogerenciamento da dor lombar crônica. A condição é considerada uma das principais causas de afastamento do trabalho no país e, graças à ferramenta, pode ter mais uma opção de tratamento, com plano de cuidado personalizado, acessível e intuitivo.

 

O objetivo do app é que, a partir de uma avaliação inicial realizada dentro da própria plataforma, o usuário tenha acesso a conteúdos adaptados à sua condição clínica. Entre eles, exercícios terapêuticos, educação em dor, práticas de bem-estar e acompanhamento da evolução.

 

“Nosso app entrega conteúdos personalizados que consideram a condição clínica e psicossocial dos pacientes, embasados em evidências científicas de qualidade e organizados numa curadoria cuidadosa”, explica o coordenador do Núcleo de Evidências e Tecnologias em Saúde (NETecS), professor Rodrigo Luiz Carregaro (FCTS).

 

“A ferramenta foi concebida para funcionar como um modelo híbrido, combinando autonomia do usuário com acompanhamento profissional, o que garante segurança e adesão”, explica a professora de Fisioterapia e pesquisadora do NETecS Fernanda Pasinato. A docente acredita que o projeto é inovador por unir tecnologia digital, evidência científica e avaliação econômica em uma única proposta de cuidado.

 

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PESQUISA – O projeto é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho acontece no Laboratório de Avaliação e Intervenção em Fisioterapia (LAFIT), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR/FCTS). 

Voluntários com interesse em participar dos testes clínicos farão uso da plataforma para experimentar a eficácia da tecnologia. Foto: Marina Nery/Secom UnB

 

Atualmente, após o desenvolvimento da plataforma e de todo o conteúdo, os cientistas comandam o ensaio clínico controlado randomizado (e-Back Trial), no Campus UnB Ceilândia: Faculdade de Ciências e Tecnologias em Saúde (FCTS) e na UFMS. O intuito é testar a hipótese de maior eficácia da nova tecnologia.

 

“Os voluntários serão separados em dois grupos e avaliados durante alguns meses. Metade dos selecionados farão uso do app e os demais utilizarão exercícios de uma cartilha, também elaborada pela equipe com um treino geral”, frisa Milena Gonçalves, mestranda em Ciências da Reabilitação.

 

“De modo geral, testaremos a efetividade, usabilidade e viabilidade econômica do app”, comenta a doutoranda em Educação Física Maria Augusta Mota. O plano inclui a finalização da pesquisa clínica e, caso seja considerado mais efetivo e benéfico para pessoas com dor lombar, o app será disponibilizado nas lojas de aplicativo para uso da população.

 

HISTÓRICO – A pesquisa nasceu na pandemia de covid-19 e é embasada por estudos de impactos clínicos e ônus econômico da dor lombar no Brasil, em parceria com pesquisadores da Vrije Universiteit Amsterdam. Segundo os dados, a condição impõe uma alta carga econômica, o que demonstra necessidade de ações preventivas e políticas públicas que lidam efetivamente com essa condição.

 

Assim, caso o app tenha sua eficácia comprovada, é grande o potencial para incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) como ferramenta complementar de cuidado, sem substituir o atendimento médico ou fisioterapêutico. A proposta é que ele funcione como recurso complementar ao tratamento, permitindo que profissionais de saúde acompanhem seus pacientes mais de perto, ampliando o cuidado para além do consultório e oferecendo autonomia e informação de qualidade.

 

A equipe responsável lembra que, para manter o aplicativo funcional, há vários custos fixos das plataformas, lojas de aplicativo e de correção de eventuais bugs e atualizações. Assim, parcerias ou novos financiamentos são bem-vindos para manter o projeto a longo prazo.

 

Quem tem interesse em participar como voluntário nos testes clínicos pode inscrever-se por formulário on-line ou entrar em contato pelo telefone (61) 99614 5096. Os candidatos devem ter entre 18 e 59 anos e conviver com dor lombar há pelo menos três meses.

 

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