Resultados mostram que há uma maior produção da proteína ArgK no cérebro dos insetos quando eles precisam atravessar obstáculos para conseguir alimento.

Pesquisa na área de Biologia Molecular usa abelhas para descobrir as principais proteínas envolvidas com o processo de aprendizagem no cérebro. O estudante de Mestrado Jaques Miranda observou as reações químicas que acontecem quando os insetos têm que superar obstáculos para conseguir alimentos. As abelhas tinham que pressionar uma barra para alcançar um recipiente com xarope adocicado.


“Elas tinham que aprender por si mesmas como realizar a operação”, explica Jaques. Quando ele estudou a composição dos cérebros das abelhas, percebeu que uma proteína, a ArgK,  aparecia em maior concentração do que em insetos que não precisaram aprender nada para conseguir o alimento.


A arginina quinase (ArgK) é responsável pelo crescimento do axônio – a parte do neurônio que se liga a outras células. Porém, os resultados ainda não são conclusivos. “Para ter certeza do papel dela no processo precisamos replicar o experimento e fazer mais testes”, explica. Segundo o orientador da pesquisa, Marcelo Valle, esse estudo pode ser útil no futuro para tratar pessoas que sofrem com déficit de aprendizagem. “Eles podem resultar em drogas que acelerem o aprendizado”, explica o professor.


As vantagens de realizar a pesquisa com abelhas é que elas aprendem de forma semelhante aos seres humanos. “Em compensação o cérebro delas é bem mais simples, o que facilita os estudos”. Segundo Marcelo, a UnB já começou a fazer testes semelhantes também em ratos.


SELEÇÃO -
O estudo foi escolhido como um dos 10 mais promissores na área de Biologia Molecular durante o Simpósio de Biologia Molecular e Biotecnologia da UnB. Os outros estudantes selecionados entre 142 participantes foram: Amanda Todeschini, Athos de Oliveira, Marília Pappas, Rafael Burtet, Larissa Guimarães, Carolina Brettas, Marco Aurélio Passos, Marcus Teixeira e Gilvan Duarte. Os projetos avaliados por equipe de especialistas de várias instituições abordavam também temas como a produção de etanol, pragas agrícolas e fungos causadores de doenças.


O simpósio também foi o momento de homenagear o professor Cezar Martins de Sá por sua trajetória e contribuição para a UnB. Os colegas inauguraram uma praça no Instituto de Biologia com o nome do pesquisador. Saiba mais sobre a vida de Cezar Martins aqui.