O ginseng brasileiro é um desses compostos naturais que prometem verdadeiros milagres para a saúde. É conhecido como “paratudo”, pois atua no tratamento de hemorróidas, diabetes e até como bioenergético. Pesquisadores da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília descobriram que um parasita microscópico causador de tumores nas raízes de diversos vegetais aumenta a concentração de propriedades terapêuticas da planta de onde é extraído o ginseng. Publicado na revista científica Nematology, o estudo foi produzido em colaboração com pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotenologia.
O esteróide β-ecdisona é o farmaco extraído da raiz da Pfaffia glomerata, como é chamada a planta que resulta no ginseng brasileiro. Testes realizados com a planta mostraram que a concentração de β-ecdisona aumentou naquelas que foram contaminadas com o parasita, chamado Meloidogyne incógnita, em relação as que não inoculadas com o verme. “É claro que o nematóide pode acabar com plantações, mas é de se pensar em admitir a presença de uma praga para aumentar a produção do fármaco”, afirma o professor Jean Kleber de Abreu Mattos, orientador do estudo “Resistência e Caracterização Histológica de Acessos de Pfaffia glomerata a Meloidogyne incógnita”.
Para chegar ao resultado, Ana Cristina Gomes, autora da pesquisa, plantou em uma estufa mudas de diversas regiões brasileiras da Paffia glomerata. O passo seguinte foi inocular as plantas com o nematóide, nome que se atribui ao tipo de verme encontrado no ginseng. Em seguida, ela separou a planta mais resistente ao nematóide, que era da coleção mantida pelo professor Jean Kleber na Universidade, e a planta mais suscetível. A partir daí, plantou novas mudas em vasos, sob condições controladas, e as inoculou com o nematóide.
Após um ano, Ana Cristina analisou a dosagem do princípio ativo nas raízes das plantas resistentes e suscetíveis e comparou com as não inoculadas. “Ao completarem um ano, as plantas estavam no seu pico de produção de β-ecdisona. Percebemos também que as plantas estavam bem, com a parte aérea sem sintomas da doença”, explica a pesquisadora. Em geral, de oito meses a um ano após a plantação ocorre a colheita das raízes para a produção do fármaco.
RESISTÊNCIA – Existem plantas resistentes e suscetíveis a pragas. No caso da Pfaffia glomerata, tanto a muda mais suscetível quanto a mais resistente apresentaram grandes concentrações do β-ecdisona. No caso da mais resistente, mesmo que seu sistema de defesa impeça a reprodução do nematoide, a concentração do esteróide aumenta quando a praga é inoculada nas raízes. Quando foi feita a mesma inoculação nas raízes das plantas suscetíveis, a concentração de esteroides triplicou.
Os pesquisadores não viram necessidade em testar a concentração na planta, já que visivelmente era bastante suscetível. “A planta que fica com mais galhas (tumores) são as mais infectadas”, explica Jean Kleber. O que surpreendeu o orientador foi a concentração do esteróide mesmo na planta que é praticamente imune, pois quase dobrou a concentração do fármaco.
PATENTE – A Pfaffia glomerata é uma espécie que pode ser encontrada na beirada do Rio Paraná, entre os estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Tem até 2,5 metros de altura. Suas propriedades medicinais foram comprovadas cientificamente no Japão, pelo laboratório Rhooto Pharmaceutical Co Ltda. Um dos maiores interessados na Pfaffia, o país recebe cerca de 30 toneladas mensalmente do Brasil. “Alguns estudos apontaram que pragas, dentre elas o nematóide, têm limitado a produção da Pfaffia. Por isso é importante estudá-lo melhor”, explica Ana Cristina Gomes.
PROMESSAS DO GINSENG BRASILEIRO
- Aumenta a força muscular
- Estimula o apetite
- Diminui tremores em idosos
- Diminui risco de crescimento de células tumorais
- Melhora a circulação
- Combate o estresse
- Combate a anemia
- Ativa a memória
- Estimula a oxigenação celular
- Favorece a produção de estrogênio
- Auxilia no tratamento de hemorróidas
- Auxilia no tratamento de diabetes
- Estimula o sistema linfático
- Auxilia na cicatrização
- Efeitos afrodisíacos, analgésicos, tônicos e bioenergéticos