Professora Elisabeta Karl conseguiu diminuir o estresse e aumentar o rendimento de alunos antes de testes críticos de uma disciplina que costuma deixar estudantes ansiosos

 

Elisabeta Karl já foi aluna de graduação e pós-graduação na UnB, além de atuar como professora colaboradora no Departamento de Odontologia. Foto: University of Michigan News

 

Utilizar uma broca pela primeira vez em um teste prático pode ser assustador para um estudante de Odontologia. Para diminuir a ansiedade dos alunos antes de ouvirem a turbina do motorzinho, a professora Elisabeta Karl adotou uma estratégia pouco convencional: fazê-los desfrutar de um concerto de música clássica. 

 

Os resultados foram medidos e surpreenderam. Inspirados por Mozart, Borodin e Josquin, os futuros dentistas se sentiram mais calmos para uma prova prática. De acordo com questionários aplicados antes e depois das experiências, 30% da turma de 108 alunos estava ansiosa para o teste. Após a apresentação musical, apenas 3% do total se sentia dessa forma e 88% se declarava mais calmo. 

 

A inovação foi aplicada na Universidade de Michigan (UM), nos Estados Unidos, onde Elisabeta Karl, que é graduada e pós-graduada na Universidade de Brasília, trabalha como professora da disciplina Dentística Restauradora Pré-Clínica – considerada uma das mais difíceis do curso. Os alunos também melhoraram em um teste específico de restaurações, uma das práticas mais complexas: em 2017, 44% dos alunos falharam parcialmente no teste, contra 19% neste ano.

Concerto de música foi apresentado por alunos da própria Universidade de Michigan. Foto: University of Michigan News

 

O projeto foi desenvolvido em parceria com o quarteto de cordas da UM, formado por estudantes da escola de Música, Teatro e Dança da universidade. “Os compositores escolhidos pelos músicos tiveram uma relação com as Ciências da Saúde durante suas vidas, como, por exemplo, Borodin, que era médico e químico”, destaca a docente.

 

Para medir o potencial da ideia na redução na taxa de erros durante os testes e avaliações, a egressa da UnB aplicou um teste conhecido como Spielberger State-Trait Anxiety Inventory (STAI-6), antes e depois dos concertos. 

 

“A música despertou o melhor de todos nós, nos uniu e possibilitou um sentimento de gratidão e contentamento”, destaca a professora, sobre os efeitos positivos do experimento, que pode ser aplicado a outras áreas. Para 2019, já está previsto mais um concerto, aberto a toda faculdade.

 

ORIGENS  Aluna da graduação em Odontologia na década de 1990, Elisabeta Karl também cursou especialização e mestrado na Universidade de Brasília. Ela atuou como dentista na clínica odontológica da instituição e como docente da Faculdade de Ciências da Saúde (FS).

 

Hoje, desenvolvendo estudos e contribuindo com inovações na Universidade de Michigan, ela conta como a UnB impactou sua formação profissional e carreira. “Aprendi a importância de trabalhar com outros profissionais da Saúde, o que me abriu muitos horizontes e me fez pensar como a saúde bucal é ligada a outras ciências.” 

Estudantes concentrados durante teste prático após apresentação musical. Foto: University of Michigan News

 

Ela considera a atenção com a saúde pública como um dos grandes legados que levou de sua passagem pela UnB. “A minha formação me ajudou muito a pensar na saúde e na doença como reflexos socioeconômicos na população.”

 

Mesmo em outro contexto, Elisabeta se mantém atenta a abordagens que possam beneficiar as pessoas com quem lida em sua trajetória profissional, como no método desenvolvido nos Estados Unidos. “Em 2016, fiquei muito interessada em terapias com música e arte para ajudar pacientes na redução de ansiedade e estresse, e aumentar a qualidade de vida”, conta.

 

INTERNACIONALIZAÇÃO – Apesar de não possuir mais nenhum vínculo formal com a UnB, a professora afirma que tem muito interesse em estabelecer projeto de parceria entre as universidades de Brasília e de Michigan, que já possui convênio com uma faculdade em São Paulo.

 

Comparando as duas universidades em que atuou, Elisabeta Karl acredita que, apesar das diferenças, elas guardam muitas similaridades, especialmente quanto à qualidade da educação. “Na UnB, há uma preocupação mais preventiva, focando no aprendizado de cariologia e prevenção das doenças bucais. Aqui, em Michigan, essas áreas estão começando a ficar mais fortes, mas ainda temos um longo caminho a percorrer”, avalia.

 

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