Estudo identifica mecanismo de ligação molecular que não causa efeitos colaterais comuns aos remédios vendidos hoje no mercado.

Mais de 7,6 milhões de pessoas sofrem com diabetes no Brasil, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (FID). É o 5º país com maior número de diabéticos. Apesar de contarem com diversos métodos para tratar a doença, eles ainda sofrem com os efeitos colaterais destes medicamentos, como retenção de líquidos, insuficiência cardíaca e obesidade. Uma pesquisa da UnB, apresentada na segunda-feira durante o simpósio Interfaces da Medicina Translacional, pretende solucionar parte desses problemas.


A professora Angélica Amorim Amato, do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UnB e coordenadora do programa de Diabetes do Hospital Universitário, estuda a utilização do GQ-16, composto químico criado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no tratamento da doença. Ela descobriu um novo tipo de ligação da molécula GQ-16 com células humanas envolvidas no desenvolvimento do diabetes tipo 2 ? doença que costuma aparecer depois dos 40 anos e é ligada à obesidade.


A GQ-16 liga-se aos receptores chamados PPAR gama (peroxisome proliferator activated receptor), encontrados nos núcleos das células, e os ativa. A ativação desses receptores reprime a produção de proteínas que causam inflamação no corpo. Ao contrário de outros medicamentos utilizados hoje, a GQ-16, não estimula a produção de gordura. Ou seja, seria uma alternativa aos remédios que causam aumento de peso no paciente. Outra resposta da GQ-16 é uma melhora da resposta da insulina, hormônio que tem a produção diminuída na diabetes.


Angélica explica que, apesar dos resultados promissores, ainda não é possível afirmar se a molécula será um remédio no futuro. Ainda é necessário muito estudo, mas já é um começo. ?O importante foi entender como acontece a ligação com os receptores, o que aponta um novo caminho para o desenvolvimento de medicamentos que têm como alvo o PPAR gama?, diz a pesquisadora.