Equipamentos são construídos pela TerraSense, empresa incubada no CDT. Projeto é financiado pela Finep.

Drone
Foto: Salvador Júnior/Secom UnB

Pesquisadores da Universidade de Brasília vão desenvolver um drone para ajudar no monitoramento das águas de reservatórios artificiais, lagos e rios do país. O projeto será realizado em parceria com o Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento (IRD) e as universidades federais do Amazonas (UFAM) e do Ceará (UFC). 


Segundo Henrique Roig, professor do Instituto de Geociências, o objetivo é capturar imagens difíceis de se obter em campo e por satélite e, assim, preencher uma lacuna existente no sistema de sensoriamento remoto. A ideia, em resumo, é diversificar as plataformas de observação para registrar as mudanças ambientais dos corpos d´água com mais precisão.


“O drone pode voar abaixo das nuvens logo após uma chuva forte, por exemplo, e registrar a movimentação de sedimentos na água”, diz. “Algo que não pode ser visto das estações terrestres e orbitais”, justifica Roig.


Entre as vantagens, o professor cita também o custo e mais agilidade na hora de detectar problemas, como manchas de óleo na água. "Com ele, é possível acessar determinada área sem precisar de pista de decolagem, piloto e co-piloto", explica. "Derramamentos de óleo, como os ocorridos recentemente no lago Paranoá, também poderão ser monitorados mais rapidamente com a ajuda da nova tecnologia", acrescenta.

Pesquisador Alexandre Moreno
Pesquisador Alexandre Moreno e o robô. Foto: Salvador Júnior/Secom-UnB

TECNOLOGIA – Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados), mais conhecidos como drones, são usados para atender às mais diversas finalidades. E a cada dia ficam mais comuns de se ver, mesmo sem uma regulamentação definida pela Anac. No Brasil, somente as aeronaves com o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) possuem permissão para realizar voos.


“Estamos no processo de obtenção do Cave. Enquanto a certificação não sai, os estudos estão sendo realizados com Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), embora já tenhamos toda a tecnologia para a realização de voos totalmente autônomos”, explica Roig.


O fato de não haver estudos com drones que monitoram a qualidade das águas no país faz do AquaVant – junção das palavras água e Vant que dá nome ao projeto – um trabalho inédito. “Drones existem às centenas, mas quase todos estão voltados para segurança, mapeamento territorial e agricultura de precisão”, observa o professor.


O projeto, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), envolve quatro pesquisadores da UnB que, em breve, começam a testar lentes e câmeras multi e hiperespectrais de pequeno porte (700g) nas aeronaves. "Nosso trabalho é descobrir qual das aeronaves servirá melhor para o transporte das câmeras e, assim, obter os resultados desejados”, explica.


Para os primeiros testes, foi escolhido o modelo com seis a oito hélices e sistema eletrônico de voo e registro de imagens. Ele é chamado de multirrotor por ter vários eixos de motor, que proporcionam mais equilíbrio à aeronave durante o voo. A expectativa é que aeronaves de asas fixas sejam usadas para sobrevoar áreas maiores no futuro.


O simpático robô – um protótipo de 2,5kg e 1m de diâmetro – atinge uma altura máxima de 150m e fica no ar de 15 a 30 minutos. O tempo de duração da bateria varia de acordo com o peso dos sensores transportados.


As aeronaves são construídas pela TerraSense, empresa incubada no Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT-UnB). Lentes e câmeras ainda são importadas.


Para se ter uma ideia do poder dessas lentes, “cada foto obtida por uma hiperespectral registra 232 imagens diferentes num único disparo”, conta Alexandre Moreno, mestrando responsável pela construção dos Vants e também integrante do grupo de pesquisa.