As relações de cuidado entre o portador de Alzheimer e sua família. Ao voltar sua dissertação de mestrado para esse tema, Cíntia Liara Engel, aluna do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, deparou-se com uma experiência íntima de vida, uma relação intensa que se transforma e evolui para o fim previsível e inevitável. O que muda é a percepção. Da realidade e da morte. Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência neurodegenerativa em idosos. Em seu trabalho, Cíntia descreve as dificuldades provocadas pela doença, como a gradativa perda das capacidades físicas.
A dissertação descreve e analisa a relação que se estabelece entre os cuidadores e portadores de Alzheimer. A autora enxerga esse elo como uma interação social significativa e íntima, na qual os sujeitos estão fortemente conectados e as experiências de ambos se completam. Cíntia afirma que a presença e a atenção quase permanentes são características comuns nas relações de cuidado observadas.
Segundo a pesquisa, o Brasil carece de políticas públicas voltadas à assistência de portadores da doença de Alzheimer. Os cuidados ficam, na maioria dos casos, por conta da família e, em particular, por alguém do sexo feminino. As dificuldades vão desde a condição financeira para arcar com os custos do tratamento até o desconhecimento total sobre a doença.
A maior parte da pesquisa para o desenvolvimento da dissertação foi realizada no Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília (HUB), um centro de referência nacional no tratamento de Alzheimer. Durante seis meses, Cíntia Engel participou de reuniões terapêuticas, conviveu com pacientes, familiares e profissionais e pesquisou outros trabalhos sobre o tema. "A pesquisa é importante para avaliar o trabalho realizado no HUB, pioneiro no país", afirma a professora Lourdes Maria Bandeira, orientadora de Cíntia.