O Brasil já é o segundo colocado no ranking de vítimas fatais em acidentes que envolvem motocicletas. O dado é de um estudo divulgado em 2012 pelo Instituo Sangari. No país, a cada 100 mil habitantes, 7,1 morrem devido a lesões causadas por esses acidentes, número que só perde para o Paraguai, onde a taxa sobe para 7,5. De acordo com levantamento feito pela seguradora Líder DPVAT, em 2012, as motocicletas foram responsáveis por 74% dos acidentes que requeriram indenizações de invalidez permanente.
Quem utiliza esses veículos como instrumento de trabalho tem maior tendência a desenvolver comportamentos de risco no trânsito, revelou pesquisa que resultou na dissertação de mestrado do engenheiro civil Paulo Victor Hermetério Pinto. O trabalho mostra o comportamento de motociclistas brasilienses e como esses veículos interferem na situação atual do trânsito no Distrito Federal. O estudo foi aprovado em abril pelo Programa de Pós-Graduação em Transportes.
Michael Lopes Rodrigues (24), motoboy há quatro anos, já sofreu quatro acidentes. “Essas situações acontecem muito porque nos arriscamos mais, já que é a nossa profissão e temos que ser rápidos e ágeis”. Ele explicou que as batidas que envolvem motos são nitidamente mais frequentes que os acidentes com automóveis.
O estudo também mostrou haver maior recorrência de comportamentos de riscos nos casos de motociclistas com renda mais baixa e menos experiência de pilotagem. Foram entrevistados 672 usuários de motocicletas do DF, que responderam a 43 perguntas sobre o comportamento que apresentam no trânsito. O objetivo do levantamento foi avaliar quais tipos de condutores estão mais sujeitos à geração de comportamentos de risco e quais os tipos de comportamentos mais recorrentes no cenário brasileiro. "Além disso, ele pode servir como incentivo à elaboração e ao aprimoramento de políticas públicas", ressalta Paulo Victor.
O pesquisador conta que desde o ingresso na pós-graduação se interessou por trabalhar na área de segurança viária. "Infelizmente, os motociclistas são muito vulneráveis na ocorrência de acidentes de trânsito e o comportamento de usuários sempre foi um campo interessante para contribuições acadêmicas dentro da área de segurança no trânsito", afirmou. "Assim, ao longo do curso, fui levando minha pesquisa para esse caminho”, completou o engenheiro.
Com a conclusão do mestrado, Paulo Victor pretende voltar para a UnB e dar continuidade ao estudo na área, em um possível doutorado em transportes. “Preciso de tempo para amadurecer melhor a ideia da pesquisa de quatro anos para que a contribuição seja maior que a da minha dissertação de mestrado.”