A revista Sociedade e Estado – idealizada pelos professores João Gabriel Teixeira e Maria Lúcia Maciel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e mantida há 31 anos pela Universidade de Brasília e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – nasceu em período de pós-ditadura e início de redemocratização. Já nas primeiras edições, o periódico propunha a reflexão das questões sociológicas vinculadas àquela conjuntura. Além disso, dava contribuição relevante ao permitir visibilidade aos movimentos sociais emergentes do momento.
Desde 1986, a publicação foi gradualmente inserida no contexto acadêmico até que, em 2010, o corpo editorial empenhou-se em colocá-la nas principais bases de referência internacional. Entre elas, pode-se citar a Scientific Electronic Library Online (SciELO), espécie de biblioteca eletrônica com revistas científicas altamente qualificadas.
Diante do novo destaque por ter se tornado internacionalmente consultada on-line, a Sociedade e Estado, já analisada anteriormente, passou, em 2013, por nova avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com o objetivo de tornar conhecidos os trabalhos desenvolvidos dentro da pós-graduação de todo o país. Foi quando conseguiu o nível máximo de classificação utilizado pela Capes, o Qualis A1.
ENTENDA – Como parâmetro de avaliação para periódicos acadêmicos, a Capes utiliza o Qualis, com sete estratos (A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, sendo A1 a de máxima classificação) que permitem aferir a qualidade das publicações. Esta avaliação é feita a cada quatro anos.
Para chegar ao nível máximo A1, é preciso cumprir alguns requisitos, como periodicidade e padrão nas publicações. É necessário, ainda, que o programa responsável pela revista tenha nota alta dentro da avaliação da Capes – atualmente, o Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UnB (PPGSOL) tem nota sete, isto é, nota máxima. Outro fator de avaliação, exigência para que as revistas tenham máxima titulação, é a publicação dos dossiês ser feita apenas por professores pesquisadores.
Também se leva em consideração a produção acadêmica dos programas de pós-graduação, ou seja, conta o tempo que os alunos levam para fazer as dissertações e teses, e se valoriza quando não ultrapassam os dois anos de mestrado ou os quatro anos de doutorado.
SOCIEDADE E ESTADO – Após essa conquista em 2013, o corpo editorial da revista do Departamento de Sociologia da UnB tem a preocupação constante de manter o padrão de qualidade A1. Para a editora-chefe, Lourdes Bandeira, o resultado é muito satisfatório e representa reconhecimento institucional. Ela se sente realizada com o trabalho feito até aqui e exalta a participação coletiva. “Não é um trabalho que faço sozinha e daqui a no máximo dois anos irei me aposentar. Ficar na história da revista é minha contribuição”, avalia a professora.
A revista Sociedade e Estado está estruturada basicamente nas editorias de estudos teóricos, revisões críticas de literatura, relatos de pesquisa, notas técnicas, anais, resenhas e notícias. Anualmente, três publicações são feitas. Entre elas, há um circuito a ser seguido: se, em um ano, um dossiê temático é publicado, com até seis artigos abordando o assunto escolhido, e outros dois dossiês compostos por artigos avulsos, ou seja, com temas variados, no ano seguinte, há inversão – serão dois dossiês temáticos em cada exemplar, e o terceiro será composto apenas por artigos avulsos.
Os artigos são avaliados e organizados por professores pareceristas do Departamento de Sociologia da UnB, mas também é permitida a parceria com um convidado da área. A avaliação é feita por, pelo menos, dois professores. Os assuntos da revista variam de acordo com a demanda de grupos de pesquisa, pesquisadores, professores e membros do meio sociológico, e cada artigo do dossiê publicado na revista tem um parecer. Entenda, na arte ao lado, como funciona.
Depois de pronta, a revista é enviada a todas as universidades brasileiras para bibliotecas que estabelecem relação de intercâmbio, uma troca conjunta de revistas acadêmicas que também ocorre entre os autores de artigos e em países da América Latina e da Europa, por meio de bibliotecas nacionais. A Sociedade e Estado passa atualmente por um processo de digitalização em paralelo com os exemplares impressos. A ideia é que o procedimento seja concluído ainda em 2017 e o acesso à revista passe a ser totalmente on-line.
Hoje, a distribuição da versão impressa é gratuita e depende de patrocínio de instituições como CNPq, Capes, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Educação (MEC), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).
Mesmo com tal suporte financeiro, a editora-chefe, Lourdes Bandeira, ressalta que ainda existem dificuldades a serem enfrentadas. Ela faz um apelo à Universidade de Brasília, que hoje fornece à revista o papel para impressão e a revisão dos textos, para que se instale uma política de publicação para revistas de unidades acadêmicas. “A Sociedade e Estado é uma revista super atualizada nos temas sociológicos e é relevante na formação dos estudantes e na pesquisa. Além disso, dá visibilidade a uma variedade muito significativa de pesquisadores, tanto nacionais quanto internacionais, e possibilita o desenvolvimento do espírito crítico dos estudantes e a formação de futuros pesquisadores”, avalia.
Recentemente, a Editora UnB intensificou esforços em busca de modernização, melhoria, visibilidade e retomada da valorização de pesquisas e produções científicas intelectuais. De acordo com a diretora, Germana Pereira, a Editora funciona como órgão estratégico da Universidade. “Com a modernização da estrutura, poderá atender às demandas internas e estar apta a atender às externas. A Editora UnB precisa reocupar o espaço que já foi dela”, reforça.