Pintar, compor músicas e escrever poemas são algumas atividades que podem ser realizadas por robôs

 

Se algum dia um robô será um Leonardo da Vinci, um Mozart ou um Fernando Pessoa ainda é uma incógnita. No entanto, a capacidade da máquina de criar e de aprender com os erros são inquestionáveis, segundo o cientista da computação Francisco Barretto, que acaba de defender a tese Artelligent: Arte, Inteligência Artificial e Criatividade Computacional, no Instituto de Artes da Universidade de Brasília, sob orientação da professora Suzete Venturelli.

 

“O sistema de busca do Google, por exemplo, aprende com a própria busca”, afirma. Outro exemplo seria o Google Tradutor, que usa algoritmos para fazer seu trabalho baseado em análises estatísticas. O pesquisador explica que o estudo oferece um conjunto de conceitos úteis para o desenvolvimento de sistemas computacionais capazes de aprender não só com os próprios erros, mas também com o ambiente ao redor, e achar soluções a partir deles.


"As aplicações desse conhecimento são várias", afirma. "Desde compor músicas e adaptar interfaces gráficas aos usuários à criação de robôs inteligentes, hábeis o suficiente para se adaptarem a situações para as quais não foram programados, caso das sondas espaciais", exemplifica.

Francisco Barretto: “Máquinas podem executar tarefas específicas, como tampar garrafas, empilhar caixas e fazer o reconhecimento de rostos”. Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB

 

Barretto conta que a ideia de investigar arte, inteligência artificial e criatividade computacional surgiu na época em que trabalhava com composição musical em João Pessoa (PB), sua cidade natal.

Foto: Divulgação

 

"Foi quando me interessei pela arte computacional. Usei conhecimentos de Inteligência Artificial [IA], Arte e Psicologia para verificar a capacidade criativa das máquinas, que são previsíveis, já que programadas pelo homem para executarem determinadas tarefas, como tampar garrafas, empilhar caixas e fazer o reconhecimento de rostos." 

 

Apesar dos avanços em IA, os robôs possuem limitações. "Eles não sabem falar e não dão saltos cognitivos, como os humanos", aponta. Mas ressalva: "Essa área de pesquisa é muito nova e está em expansão."

 

GAME ZERO – Como parte do estudo, foi desenvolvido um jogo de computador chamado ZerO. Nele, cada jogador pode, a partir de uma linha, evoluir para formas geométricas mais complexas. O game também compõe música em tempo real. “A arte humaniza a tecnologia”, diz Francisco Barretto.


Em 2014, a instalação foi exposta em Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e no Museu da República, durante o Festival Internacional de Arte e Tecnologia. No mesmo ano, esteve em cartaz no Festival de Poéticas Digitais no Rio de Janeiro.