Ainda pouco conhecido no Brasil, o sorgo vem ganhando destaque devido às suas propriedades funcionais na alimentação humana.

O grão do sorgo não possui glúten, por isso é uma excelente opção para portadores da doença celíaca, explica o professor Lúcio Flávio. A doença gera intolerância aos produtos que contêm trigo, cevada, centeio e aveia. No Brasil, ainda não há nenhum produto comercial à base de sorgo para os celíacos. Nos Estados Unidos, porém, pessoas com intolerância ao glúten encontram vários produtos com sorgo, como cereais matinais, farinha, biscoitos, barra de cereais e até cerveja.

Outra vantagem do cereal é a presença de compostos bioativos como fibras e antioxidantes. A presença do tanino, em algumas variedades, é recomendada para obesos, diabéticos e cardíacos, mas não para crianças em crescimento e pessoas desnutridas. Isso se deve à dificuldade de digerir amido, proteína e minerais presentes nos grãos, provocada pela complexação dos taninos, não os deixando disponíveis na sua totalidade para utilização pelo organismo. Algumas variedades de sorgo apresentam grande conteúdo de amido resistente, importante para diabéticos, pessoas com problemas cardiovasculares e obesos.

O sorgo é o quinto cereal mais produzido no mundo. Em vários países da África, é um cereal de segurança alimentar. Já nas Américas e na Europa, seu principal destino é a alimentação animal. "O aumento do consumo do sorgo na alimentação humana deverá ser exponencial nos próximos anos devido às suas propriedades funcionais tanto para a população em geral, como para os grupos que apresentam restrição na dieta alimentar", afirma o professor Lúcio Flávio Figueiredo. Segundo ele, em 2050, a produção de alimentos terá que dobrar para atender a humanidade, o que será inviável baseando-se somente nas principais culturas da atualidade. O sorgo será, portanto, um ator extremante importante na alimentação humana.