Prêmio da Sociedade Brasileira de Biometeorologia é dado a jovens professores de até 35 anos que tiveram contribuição significativa para o campo

 

Sheila Nascimento pretende gerar dados locais para otimizar a criação de animais no ambiente do cerrado. "Poderemos maximizar lucros e minimizar perdas ao adequar corretamente a climatização do ambiente para o animal." Foto: Amália Gonçalves/Secom UnB

 

Biometeorologia é o estudo dos fenômenos climáticos sobre os seres vivos. No que se refere ao ser humano, ela pode prever mortes decorrentes de ondas de calor, por exemplo, visto que estuda a relação da atmosfera e do clima sobre a saúde. Na relação com os animais, a ciência estuda o bem-estar dos bichos e a segurança alimentar.

 

Dentro deste campo e deste contexto, a professora Sheila Nascimento, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da Universidade de Brasília, recebeu o prêmio Paranhos da Costa, que homenageia profissionais que tenham contribuído significativamente ao avanço da ciência e tecnologia ou à aplicação do conhecimento em uma das áreas do campo.

 

Segundo ela, a aplicação do seu trabalho junto a animais pode ter lhe rendido o reconhecimento oferecido pela Sociedade Brasileira de Biometeorologia. “Com o equilíbrio térmico das aves de uma granja, por exemplo, é possível regular a temperatura para o bem-estar animal de forma automática, não precisando passar pela sensação de calor humana”, explica.

 

Hoje, a regulagem térmica do espaço onde se criam os animais é feita pelo tratador, que é quem define se o animal precisa ou não de mais calor a partir de uma percepção própria. “A temperatura é grande fator de estresse para os animais, assim como para nós”, afirma Sheila. Com a aplicação do trabalho desenvolvido por ela, uma equação passará a dizer se a climatização precisa ou não ser ativada.

 

A professora estuda a área com esse enfoque desde a graduação, quando se formou em Zootecnia em uma universidade do interior de São Paulo. Desde então, seguiu pelo mestrado e doutorado em trabalhos conexos com atividades de manejo e climatização focados na produção de animais monogástricos, como aves e suínos.

 

FUTURO – “Meu próximo passo é trabalhar com a inserção de animais do cerrado, nessa ótica”, diz a pesquisadora. Segundo ela, muito do que é utilizado como valor de referência hoje é conhecimento importado de outras regiões do planeta, que não necessariamente atendem à nossa realidade. “Tenho muito gosto em poder trazer essa aplicação para o nosso local”, explica a docente, que faz parte do quadro da Universidade de Brasília desde novembro de 2016.

 

Sheila pretende realizar pesquisas com animais do cerrado e garante que as aplicações são muitas: desde a recuperação de espécies ameaçadas até a manutenção de animais em zoológicos.

 

“Já venho trabalhando com esse enfoque, agora aplicado aos animais do cerrado”, conta. Os resultados da professora podem ser positivos para a melhoria das criações locais. “Dados como a produção de metano dos animais do cerrado diferem dos inseridos em outro sistema. Poderemos ter dados reais da nossa realidade para compará-los aos de outras regiões”, exemplifica.

 

O estudo da docente ajuda a desenvolver novas tecnologias que podem tornar a produção mais rentável e com custo menor. Atividades de manejo que sejam mais eficientes e sistemas de climatização dentro de instalações são áreas abrangidas por esse tipo de trabalho.

 

INSPIRAÇÃO – Sheila conta que precisou superar muitas dificuldades até conseguir consolidar a carreira acadêmica. “É isso que tento ensinar aos alunos. É possível seguir pelo caminho da academia mesmo com obstáculos, que podem ser financeiros, pessoais...”, afirma.

 

A professora diz ter agarrado todas as oportunidades que teve e já deu aula em vários estados do país. “Quando fui chamada para vir trabalhar aqui, dava aulas em uma faculdade no Paraná. Mas a UnB era o que eu buscava, então vim”, relembra. O marido Fabio Pilon, que também é docente de área correlata, a acompanhou na mudança para a capital federal. “Ela é muito determinada”, elogia o companheiro.

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