Uma técnica científica desenvolvida no Laboratório de Tecnologia Química (Lateq) da Universidade de Brasília está presente nos pés de quem caminha pelas ruas da Europa. Na França, uma marca de calçados utiliza na borracha de suas solas e palmilhas um método de aprimoramento industrial criado na Universidade.
De acordo com a empresa francesa, o processo permite que produtores transformem látex em folhas de borracha em fase industrial intermediária. Após essa etapa, o material é enviado diretamente para a fábrica, onde as solas são moldadas. Assim, a tecnologia permite que os seringueiros vendam seu produto em um estágio de semiacabamento e recebam remuneração melhor.
Na UnB, estudantes do curso de Engenharia Química da Universidade, sob coordenação do professor do Lateq Floriano Pastore, participam dos processos para melhoramento do látex extraído na floresta. Em estado original, ele não apresenta as características de resistência e durabilidade exigidas industrialmente. Após ser submetido aos processos científicos definidos no laboratório da Universidade, que envolvem a mistura de agentes químicos, resfriamento e aquecimento em estufa, o produto final fica pronto para a manipulação nas fábricas.
Para o professor Floriano Pastore, o projeto desenvolvido é relevante pelos resultados práticos que proporciona. “Há uma reclamação da sociedade com relação aos trabalhos acadêmicos, que por vezes se isolam muito da vida real. No nosso caso, tentamos realmente fazer um trabalho que tenha impacto social”, afirma.
O Laboratório de Tecnologia Química da UnB está envolvido em outros projetos que proporcionam melhorias na qualidade de vida de trabalhadores ligados ao extrativismo de látex, como o que viabiliza a criação de joias a partir de borracha ecológica da Amazônia.
MARCA – A empresa francesa foi criada em 2004, com foco na produção ecologicamente sustentável de calçados. As matérias-primas utilizadas, como algodão e borracha, são adquiridas a partir de parcerias com cooperativas de pequenos produtores, que privilegiam a exploração sustentável do meio ambiente.
A fabricação dos sapatos é integralmente feita no Rio Grande do Sul, com materiais oriundos de diversos estados brasileiros – apenas o estilo dos tênis é criado no escritório da Europa.
Confira abaixo a reportagem da UnBTV sobre os processos desenvolvidos no laboratório da Universidade de Brasília: