Durante esse tempo, foram descobertas mais de vinte novas espécies do animal nesse bioma, principalmente, no estado de Goiás. “Com a dizimação do Cerrado por causa da ocupação urbana e da expansão do agronegócio, é possível que algumas espécies entrem em extinção antes mesmo de serem descobertas”, alerta o professor.
“Por isso, é importante catalogá-las e divulgar esse conhecimento, não só entre a comunidade científica, mas também para o público em geral”, acredita.
Animais pouco carismáticos, Motta diz que do universo de aranhas registradas ao longo da pesquisa, apenas duas representam algum risco para a saúde humana. A maioria é inofensiva. “Elas não causam a morte, mas o veneno pode causar dor no local da picada e febre. Os sintomas desaparecem sem o uso de remédios”, afirma o pesquisador.
A ideia do guia, inédito no Brasil, é difundir conhecimento sobre as aranhas do Cerrado e ajudar na preservação da biodiversidade brasileira. Motta não hesita ao dizer que as aranhas são seres fantásticos. “Como predadoras, elas controlam a população de insetos e são alimento para aves e lagartos”, explica.
Além de essenciais para a manutenção do equilíbrio ecológico, o veneno, o sangue e a teia delas podem ser usados na fabricação de remédios e polímeros resistentes.
Segundo o professor, o potencial delas é tão grande que não raro são vítimas da biopirataria. “Em 2004, um alemão foi preso no aeroporto de Brasília por contrabando ao tentar embarcar com seis aranhas na mala”, lembra.
Em linguagem simples, o guia ilustrado de 260 páginas será lançado na semana que vem em Porto Alegre durante congresso de Zoologia que acontece na PUC do Rio Grande do Sul.