O conhecimento das comunidades quilombolas Kalunga sobre plantas medicinais - importante fonte de cura para elas que sofrem com a dificuldade de acesso a atendimento médico - é tão vasto quanto o das populações urbanas. A conclusão é da pesquisadora da UnB Natália Prado Massarotto, que criou um catálogo com 358 espécies, 206 gêneros e 89 famílias de plantas conhecidas por essas populações.
Natália realizou entrevistas e aplicou de questionários a 239 pessoas, com idade entre 15 e 80 anos, das comunidades quilombolas Kalunga: Emas, Limoeiro, Ribeirão de Bois e Engenho II; e de quatro populações urbanas no nordeste do Estado de Goiás: Teresina de Goiás, Cavalcante, São Jorge e Alto Paraíso.
“Esse resgate é de fundamental importância para a descrição da vegetação de cerrado; a preservação e o registro da cultura de seu povo quanto à utilização delas”, afirma a autora do mestrado em Ciências Florestais Diversidade e uso de plantas medicinais por comunidades quilombolas Kalunga e Urbanas, no nordeste do estado de Goiás, defendido em fevereiro de 2009.
CERRADO - Com área de 204 milhões de hectares, o cerrado abriga a segunda maior biodiversidade do planeta. Nesse bioma, são encontradas espécies muito difundidas por suas propriedades medicinais. Segundo o estudo, as espécies vegetais citadas são bastante utilizadas e cerca de 60% das plantas citadas pelas comunidades Kalungas são nativas.
Apesar de a medicina popular representar um papel secundário para as populações hoje, o isolamento das comunidades quilombolas faz com que o conhecimento das plantas medicinais passado de pai para filho oralmente sejam fundamentais. “As plantas são mais valorizadas e difundidas que os medicamentos convencionais”, diz a autora do estudo.
Natália defende que mais estudos etnobotânicos sejam realizados para que esse patrimônio cultural não desapareça. Para o orientador Reuber Brandão, do Departamento de Engenharia Florestal, a pesquisa comprova que o conhecimento sobre plantas medicinais é público e bastante difundido entre a população brasileira.
A ONG IEESC - Instituto de Estudo em Educação, Saúde e Conservação, com sede em Cavalcante, apoiou o desenvolvimento do estudo.