O software Participar completa um ano de contribuições para a alfabetização de crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual. O programa está disponível nas 650 escolas públicas do Distrito Federal e em todos os estados do País. A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da UnB e tem sido aprovada pelos professores que utilizam o sistema.
“Foi o Participar que ajudou a minha filha a evoluir bastante”, garante Rosineide Santana de Araújo, mãe de Letícia. A menina de oito anos de idade começou a usar o software há menos de seis meses e já apresenta progresso em seu desenvolvimento cognitivo. “Este ano ela deu um salto grande quanto à socialização”, destaca a professora Ângela Vasconcelos, que atua na sala de leitura do Centro de Ensino 35 de Ceilândia.
Letícia foi diagnosticada com deficiência intelectual (DI) e, desde muito pequena, apresenta dificuldades para a comunicação. No início do ano, a professora Silvana Souza, da sala de recursos do colégio, apresentou o software Participar para a mãe da menina. Rosineide aprovou a utilização da tecnologia na escola e levou o projeto para casa. “Letícia gosta muito. Se deixar ela assiste todo dia”, conta Rosineide.
“Antes ela representava as palavras com desenhos”, afirma Silvana. Após os exercícios com o Participar, Letícia entende que para escrever é necessário utilizar letras e que as palavras tem grafias diferentes. “Ela já está partindo para o nível da escrita”, garante a professora. Silvana acredita que a evolução da menina não é resultado apenas da utilização constante do software, mas também da determinação da mãe da criança, que incentiva o processo de aprendizado. “Eu lutei muito pela minha filha”, conta Rosineide, emocionada.
Desde o início do ano, o programa tem sido utilizado na sala de recursos do Centro de Ensino 35 da Ceilândia. A escola atende 18 estudantes com deficiência intelectual, com idade entre 8 e 15 anos. “O software abrange todos os níveis de escrita e todas as dificuldades”, informa a professora Silvana. A iniciativa que deu certo no Brasil agora será exportada para outro continente. "A Divisão Educacional do Ministério das Relações Exteriores (MRE) está intermediando as negociações pra que o software seja implantado em escolas de países africanos de língua portuguesa", conta Wilson Veneziano, coodenador do projeto.
O Participar é um software multimídia criado para colaborar no desempenho de crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual em fase de alfabetização. O programa apresenta as letras do alfabeto, o som de cada uma delas e exemplos de objetos em que são utilizadas, além de 600 vídeos produzidos pela UnBTV. Também é possível acessar uma série de exercícios, que são apresentados por dois jovens com Síndrome de Down, e ainda um bate-papo simulado.
O projeto teve início com o trabalho de conclusão de curso de Tiago Galvão e Renato Domingues, então alunos de Licenciatura em Computação da UnB, sob a supervisão do professor Wilson Veneziano. O programa fez tanto sucesso que já há previsão de nova versão. “No segundo semestre, lançaremos a versão ampliada do Participar com novas funcionalidades e lições com base em sugestões dos professores usuários”, conta Wilson Veneziano.
A equipe continua trabalhando para o desenvolvimento de softwares educacionais. Entre os novos programas estão um direcionado a educandos autistas e outro que atua no ramo da matemática social, “com contribuições para a utilização de dinheiro, leitor de relógio e identificação do número da linha do ônibus”, exemplifica Veneziano.
Para o desenvolvimento dos projetos, a equipe conta com o auxílio da orientadora educacional Maraísa Borges. Ela é especializada em alfabetização de deficientes intelectuais e trabalha na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEDF).
Interessados em adquirir o software Participar devem enviar pedido para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Confira aqui a matéria da UnBTV sobre o Participar.
Texto alterado em 18 de julho para corrigir informação sobre curso dos estudantes da UnB.