Discussão aconteceu durante lançamento do portal UnB Ciência e abordou a necessidade de transformar ciência brasileira.

O diálogo entre jornalistas e cientistas precisa melhorar. Esse foi o tom do debate sobre jornalismo científico que aconteceu no lançamento do portal UnB Ciência. "É preciso deixar claro que o jornalista não faz simplesmente uma tradução do que o cientista produziu", disse Mariluce Moura, diretora de redação da revista Pesquisa Fapesp. "Jornalismo é uma linguagem que articula outras linguagens, entre elas a científica. Os pesquisadores precisam respeitar os códigos próprios da linguagem jornalística".


Segundo Mariluce, a imprensa brasileira passou a se preocupar mais com a ciência no ano 2000, quando cientistas da USP desvendaram o genoma da bactéria Xylella fastidiosa. A pesquisa ganhou a capa da revista Nature, uma das mais prestigiadas do mundo, e foi destaque também na imprensa nacional. "A publicação de artigos científicos brasileiros quase dobrou nos últimos anos e a mídia passou a absorver essa produção", declara.

Paloma Olivetto, editora de Ciência do jornal Correio Braziliense, destaca que o acesso aos cientistas ainda é difícil. "É mais fácil falar com um cientista em Xangai que no Brasil", disse. "Europeus, americanos e asiáticos já sabem a importância do trabalho do jornalista". Desde o ano passado, o Correio Braziliense dedica uma página inteira diariamente ao tema, e Paloma diz que o objetivo é usar cada vez mais a pesquisa nacional.

"Em 2010, a UnB teve 12 mil produções. Esse conhecimento não pode ficar dentro da universidade", disse a decana de Pesquisa e Graduação, Denise Bomtempo. Diogo Lopes, jornalista e consultor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), concordou. "Ciência sem público é como futebol sem torcida", disse.

O reitor José Geraldo de Sousa Junior destacou que o portal UnB Ciência é uma reivindicação antiga da comunidade acadêmica. "O portal vai servir para professores e alunos, mas também precisamos levar essas informações aos garotos e garotas que moram na periferia", disse o geógrafo Aldo Paviani, professor emérito da UnB.