Pesquisadores do Hospital Veterinário da UnB fizeram a autópsia da vaca Vitória, primeiro animal clonado da América Latina. Ela morreu na semana passada, após apresentar quadro de falta de apetite e fraqueza. “Ela era de uma raça pura Simental, já estava velha e com a saúde frágil”, constatou o professor José Renato Borges, que atendeu o animal ainda vivo, quando foi encaminhado à UnB pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Vitória chegou a viver 10 anos, um tempo de vida considerável para a espécie”, ressalta o professor. Pesquisas constataram que a saúde de Vitória era normal, comparável a dos animais não clonados, e que era capaz de se reproduzir normalmente.
A causa da morte foi pneumonia. “Fizemos o procedimento no mesmo dia em que vitória faleceu”, explica Janildo. “Primeiro abrimos o animal e verificamos que havia lesões nos pulmões, então coletamos parte do tecido do órgão para ser analisado em laboratório”, conta o professor. “Quando o resultado saiu percebemos a presença de bactérias causadoras da doença”, relata.
O laudo completo foi entregue à Embrapa nesta segunda, 27 de junho. O HVet tem convênio com a empresa para o tratamento dos animais usados em pesquisas da empresa. “Já atendemos Vitória em outras ocasiões”, relembra José Renato. “Vitória foi importante porque validou a técnica de clonagem”, explica Maurício Franco, pesquisador da Embrapa. “Ela engravidou duas vezes por inseminação artificial. Nas duas ocasiões a gestação e o parto foram normais e também não houve problemas na amamentação”, relata. Depois, a qualidade do sêmen do filho foi testada para saber se o animal também era capaz de se reproduzir, o que também foi confirmado.
Segundo Maurício, a clonagem de Vitória foi um marco e abriu caminho para o avanço das pesquisas genéticas no país. “A partir do caso de Vitória, abrimos uma linha de pesquisa específica para estudar clonagem”. Desde então, a Embrapa já produziu outros dois clones de vacas, Lenda, da raça holandesa, e Porã, da raça Junqueira. “Nosso objetivo agora não é fazer mais clonagens, mas aperfeiçoar a técnica”, explica. “Queremos baratear o procedimento para que ele possa ser aplicado com menos custos pelo produtor rural”.