O professor André Honor, do Departamento de História da Universidade de Brasília, ganhou este ano uma bolsa de fomento à literatura da Biblioteca Nacional. A iniciativa tem o objetivo de fomentar a produção literária concedendo auxílio para novos autores com propostas de vanguarda.
André Honor foi premiado na categoria Bolsa Criação Literária, que busca incentivar a produção de novos autores, incluindo os gêneros crônica, conto, poesia e romance. O resultado foi divulgado em maio deste ano, porém a bolsa ainda será implementada. “A partir de então, terei seis meses para escrever o livro”, conta.
Com mestrado e doutorado em História, ambos sobre a presença da Ordem de Nossa Senhora do Carmo nas capitanias da Paraíba e Pernambuco, o professor propôs a elaboração de um romance histórico envolvendo o personagem do período colonial, Jerônimo José de Melo e Castro, capitão-mor da Paraíba.
Segundo André, a obra aborda a trajetória do brigadeiro Jerônimo José de Melo e Castro, que passa 33 anos à frente de uma capitania anexa, sempre expressando a infelicidade de se encontrar em tal local e o desejo de voltar a Portugal.
O professor explica que, apesar de se tratar de um romance, a narrativa possui o apuro metodológico da historiografia. “Foi pensando na exposição de uma história factível que escolhi minha posição teórica como autor; decidi trabalhar com o que se chama na teoria literária de uma ‘visão por detrás’, em que o narrador desconhece os sentimentos da sua personagem, porém os explicita através de suas ações”, afirma.
“Como elemento inovador na narrativa não uso essa ‘visão por detrás’ de Jerônimo, mas sim de personagens marginalizados, alguns reais, outros fictícios, mas todos factíveis, que estão presentes naquela cena”, completa.
Para o docente, é necessário popularizar a História, e os romances históricos podem ser um bom caminho para que a sociedade se interesse mais em ler sobre isso. “Ademais, trata-se de um livro sobre a Paraíba, que apesar de ter nos dado grandes romancistas ao longo da história, pouco aparece na literatura contemporânea como cenário”, explica, fazendo referência ao fato de a literatura brasileira ser centrada no Sudeste.
“Levar a boa História, com um pedaço da pequenina Paraíba para o grande público, é uma responsabilidade ímpar; para mim, nenhuma missão poderia ser mais digna de esforço e dedicação”, ressalta.