A UnB foi contemplada por ser uma das universidades que mais desenvolveu atividades para fomentar o interesse de estudantes do ensino médio por seguir carreira nas engenharias. Por meio de ações do Projeto Electron, foram ministradas aulas de laboratório de eletrônica para cerca de 300 alunos do ensino médio de quatro escolas públicas do Distrito Federal, além de duas instituições de caridade.
Foram realizadas ainda oficinas e exposições. “Eles [alunos da rede pública] ligaram fios, conectaram pilhas, puderam construir pequenos sistemas elétricos para pegar gosto pela Engenharia”, conta o professor Rafael Shayani, um dos responsáveis pelo Projeto Electron na UnB, sobre as atividades realizadas.
“O interessante é que nem todos querem realmente cursar engenharia, mas mesmo assim procuram o projeto e usam essa proximidade com estudantes da UnB para trocar experiências”, conta a aluna de Engenharia de Computação Laís Mendes Gonçalves, uma das voluntárias do projeto. A estudante da UnB lembra-se de uma aluna do Centro Educacional Pompílio Marques de Sousa, em Planaltina. “Ela queria fazer Arquitetura, mas por achar que não passaria, não iria nem tentar. Foi um dos professores do projeto que a incentivou. Ela fez o vestibular da UnB e passou”, recorda.
“Muitos dos estudantes do projeto não conheciam a universidade ou não acreditavam ser possível estudar em uma. O projeto é um grande divulgador da UnB e do ensino técnico”, completa o voluntário e estudante de Engenharia de Redes de Comunicação, Luis Filipe Campos Cardoso.
PRÊMIO – O IEEE já premiou o Projeto Electron com o título de “melhor caso de sucesso do Brasil” e o “IEEE Student Enterprise Award”, que reconhece a excelência de projetos na América Latina. Dessa vez, a premiação reconhece iniciativas em nível global. “O projeto da UnB concorreu com os de universidades do mundo todo”, comemora o professor Rafael Shayani.
A classificação das instituições concorrentes ocorreu com base no relatório dos projetos desenvolvidos em cada país. Outro requisito que definiu a premiação foi o número de kits didáticos doados pela IEEE às instituições mundo afora. Os kits doados à UnB – 12 maletas com peças que lembram o brinquedo Lego e funcionam como laboratório portátil de eletrônica – foram amplamente utilizados nas atividades com as escolas públicas, o que permitiu também verificar o alcance do projeto.
“O fato de eles terem usado tanto essas maletas é que deu esse prêmio”, conta Rafael Shayani. Para o extensionista Luis Filipe Campos Cardoso, o reconhecimento motiva a avançar com a proposta da iniciativa. “Esse projeto nos rendeu grande trabalho e grandes frutos”, avalia. Laís Mendes concorda. “Os voluntários sentem que vale a pena participar do projeto, pela diferença que podem fazer na vida de jovens como eles”. Além disso, completa que o prêmio permitirá ainda “ter mais patrocínio e mais voluntários interessados no projeto”.
GÊNERO – Em 2014, o Projeto Electron será expandido. O objetivo é também estimular discussões sobre a questão de gênero em carreiras muito masculinizadas. “Em uma das turmas, das 15 vagas, 14 eram ocupadas por homens e só uma por mulher. Daí surgiu essa reflexão do por que há poucas mulheres interessadas na área de Engenharia”, conta o professor Shayani. Uma das iniciativas para este ano é levar às escolas da rede pública a experiência de mulheres que escolheram a Engenharia como profissão. “Palestras com engenheiras, para que falem sobre suas experiências, como escolheram a carreira, quais as dificuldades”, explica Laís.
Outra medida para estimular a participação feminina no projeto será reservar 50% das vagas às meninas. “Também será revisto o nosso método de ensino, pensamos em introduzir dinâmicas nas aulas para ter maior sucesso ao incentivo às mulheres”, completa a estudante da UnB. Ela conta que ao decidir cursar engenharia tentou ser convencida pelo pai a estudar Direito. “No começo, meu pai ficou apreensivo, pois ninguém da família era engenheiro, era uma perspectiva de profissão bastante nova. Fazer Direito, na visão dele, era mais seguro”. Por isso, ela acredita tanto no projeto. “Eu vejo uma oportunidade de mudar essa visão, de mostrar que gênero não interfere na capacidade intelectual de ninguém”, avalia Laís.