Exemplos práticos e linguagem didática do pesquisador norte-americano despertaram o interesse dos jovens pela ciência.

Quem passou pelo Beijódromo na manhã desta segunda-feira dificilmente imaginava que a agitação do local era provocada por uma palestra sobre física quântica. Cerca de 400 alunos e professores lotaram o auditório do Memorial Darcy Ribeiro – muitos tiveram que ficar de pé no espaço que normalmente é destinado a 250 pessoas. As gargalhadas se alternavam com o olhar concentrado nos experimentos e explicações do Nobel de Física William Phillips.

O estudioso mostrou para a platéia como a Física pode se transformar numa brincadeira, mesmo quanto trata de assuntos complexos. Muitos dos cento e oitenta alunos do Centro Educacional 4, do Guará, e do Centro de Ensino Fundamental Polivalente, da 913 Sul, tiveram seu primeiro contato com a Física. “Esse contato com a ciência é fundamental. É preciso despertar esse interesse desde o início”, contou Vilma Lemos, professora de Geografia do nono ano do Polivalente. “Todos os alunos ficaram muitos animados. Ele conseguiu mostrar de forma dinâmica que a ciência pode ser acessível a todos”, comemorou. 

Uma das alunas de Lemos, Marília Laboissiere, 14, adorou a experiência. “É muito legal ver como ele descobriu isso tudo. Gostei muito do relógio – é uma invenção útil para as pessoas”, disse a aluna. A aula do professor Phillips também serviu de estímulo para os alunos do Polivalente. Ela representou um prêmio para as duas turmas com o melhor aproveitamento nas notas.


NITROGÊNIO -
 “O pesquisador mostrou as aplicações tecnológicas da ciência e como ela pode ser vista de uma maneira simples”, disse Tiago Resende, Professor de Física do CED 4, Guará. Segundo ele, ter contato com o conteúdo de forma prática é uma maneira de despertar os alunos para a possibilidade de seguir uma profissão ligada à ciência.


O CED 4 trouxe estudantes do 2º e 3º anos do ensino médio. Os jovens participaram recentemente de uma feira de ciências organizada pela escola. “Fiz um projeto sobre a história do alumínio”, disse Jéssica Pereira, 16, aluna do 2º ano. De acordo com ela, na escola há pouco contato com experiências práticas. “Fiquei bastante impressionada com o experimento com o nitrogênio”, declarou. Ela se sentiu inspirada pela fala do pesquisador e cogita seguir alguma carreira relacionada à ciência.
 
A vinda do professor Phillips a Brasília faz parte das comemorações dos 60 anos do CNPq. “A divulgação científica entre os jovens está entre as prioridades do Conselho”, disse o assessor de comunicação social do CNPq, Ubirajara Júnior. Para ele, o exemplo do pesquisador é essencial para fazer com que jovens optem por seguir carreiras científicas. “Estamos no estágio da produção científica no qual somos reconhecidos no mundo todo, mas a população ainda não está bem informada sobre temas científicos”, afirmou.