Protótipo de hidrômetro inteligente visa auxiliar controle do consumo e da qualidade da água. Graduandos foram premiados com viagem para feira de tecnologia na Espanha

Arte: Gabriel Pereira/Secom UnB

 

Reduzir o desperdício e otimizar o consumo de água pela população é ainda uma necessidade a ser considerada quando o assunto é a sustentabilidade. Ter a tecnologia como aliada nesse processo é uma das saídas para amenizar os impactos, especialmente em situação de crise hídrica, como a atualmente vivida no Distrito Federal. Mas como isso seria possível? Os estudantes do curso de Engenharia da Computação da Universidade de Brasília Matheus Veleci e Eduardo Vilaça pensaram em uma solução criativa. A dupla projetou o protótipo de um aplicativo, apelidado de Stillabunt, capaz de armazenar informações sobre a qualidade e o consumo da água em residências e prédios comerciais.

 

A partir de um equipamento instalado próximo ao hidrômetro do imóvel seria realizada a medição do fluxo, da temperatura e do pH da água. Uma placa eletrônica wireless conectada receberia os dados e os enviaria, a cada minuto, para a plataforma web, que funcionaria como uma espécie de hidrômetro inteligente. Com acesso à ferramenta, os usuários poderiam controlar o consumo diário, identificar horários de pico do consumo e possíveis vazamentos, o que auxiliaria na redução de gastos. Além disso, poderiam comparar padrões de uso da água em relação aos de outros consumidores e averiguar se a fornecida está própria para ingestão.

Matheus Veleci e Eduardo Vilaça ganharam prêmio de melhor projeto na Oficina Fiware do Encontro dos Municípios com Desenvolvimento Sustentável. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

“Usamos os parâmetros mais simples que estão no site da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para análise da água distribuída, que são medir o pH e a temperatura para achar o oxigênio dissolvido. Isso indica a quantidade de microrganismos na água e o risco de contaminação”, explica o estudante Matheus Veleci. O Stillabunt disponibilizaria ainda notícias sobre o racionamento programado no Distrito Federal e dicas para economia na utilização dos recursos hídricos.

 

Eduardo Vilaça estima a utilidade da ferramenta para a gestão pública. “O aplicativo ajuda também na economia com o racionamento local, no corte de gastos em empresas e na informação para que as distribuidoras saibam se está chegando água corretamente a todos os locais e se está havendo vazamentos nesse processo”, comenta. A iniciativa também levou em conta a acessibilidade nos custos. O dispositivo com a placa eletrônica para armazenamento de dados custaria em torno de R$ 80.

 

O projeto foi premiado durante a oficina Fiware, no IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu em abril, em Brasília. Vencedores pela melhor ideia, Matheus e Eduardo foram contemplados com uma viagem, com todos os custos pagos, para conhecerem a Smart City Expo World Congress, considerada uma das maiores feiras do mundo voltada à temática de cidades inteligentes. O evento ocorrerá entre 14 e 16 de novembro, em Barcelona, na Espanha. 

 

Os estudantes aproveitarão a oportunidade para aprender mais sobre o assunto e buscar investidores para o desenvolvimento do aplicativo idealizado por eles.“Vamos ver os melhores do mundo apresentando como está o mercado de desenvolvimento lá fora. Vai ser uma referência bem bacana para nossos estudos e nossa carreira”, acredita Matheus. 

 

CRIATIVIDADE – Promovida por uma comissão da União Europeia (UE), além da UnB e da Universidade de São Paulo, a oficina Fiware abriu espaço para que alunos da UnB criassem protótipos de aplicativos para cidades inteligentes, por meio da plataforma Fiware. Criada pela UE, ela visa o desenvolvimento de aplicações globais para a internet também em áreas como transportes sustentáveis, logística, energia renovável e sustentabilidade ambiental.

 

Os participantes da oficina receberam anteriormente um treinamento para uso das funcionalidades da plataforma. Em seguida, tiveram apenas dois dias para esboçar suas propostas. As mais criativas foram premiadas ao final, após avaliação de um grupo de jurados formado por representantes da União Europeia e de projetos de cidades inteligentes em Viena, Milão, Amsterdam e Lisboa (localizadas na Áustria, Itália, Holanda e Portugal, respectivamente), que ficou responsável pela escolha da melhor. Para isso, levaram em conta a viabilidade e a sustentabilidade do aplicativo sob o aspecto empreendedor. 

 

Priscila Solis, professora do departamento de Ciência da Computação da UnB e responsável por selecionar os alunos que integraram a oficina, declara que a experiência abriu oportunidade para os participantes aplicarem seus conhecimentos na elaboração de tecnologias que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos espaços urbanos. “Este tipo de atividade é muito importante, pois os coloca em contato com problemas reais e globais”, conclui.

Alunos dos cursos de Engenharia da Computação e Ciência da Computação participantes da Oficina Fiware. Foto: Arquivo pessoal

 

MAIS IDEIAS – Outros 11 estudantes dos cursos de Engenharia da Computação e de Ciência da Computação da UnB participaram da oficina e apresentaram seus projetos, focados no uso da tecnologia para melhoria da gestão urbana e da qualidade de vida nas cidades. Saíram dali seis propostas, todas elas reconhecidas com menções honrosas pelo júri.

 

Por exemplo, a ideia dos estudantes Guilherme Fontes e Alex Nascimento, também do curso de Engenharia da Computação, foi estimular, por meio de aplicativo, as pessoas a reduzirem o uso de automóveis e valerem-se de meios de locomoção alternativos em seus trajetos diários, com o objetivo de aliar a melhoria na mobilidade urbana à saúde.

 

Para impulsionar a mudança de hábito, a dupla pensou em uma espécie de recompensa aos usuários. “O aplicativo seria capaz de verificar se a pessoa está usando veículos ou se está caminhando, correndo ou andando de bicicleta. A medida que ela fosse substituindo os meios de transporte, ganharia pontos para trocar por mercadorias”, explica Guilherme.

 

Durante a oficina, as aplicações apresentadas abordaram ainda questões como perda de calorias e eventos culturais.

 

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